“E os judeus
maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido? Jesus
lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas
daquele que me enviou.” (João 7:15-16)
A palavra
“doutrina”, do latim doctrina, tinha em sua língua de origem o
sentido de instrução, ensino, erudição, aprendizagem. O
dicionário do Aurélio define “doutrina” em português como conjunto de
princípios que servem de base a um sistema religioso.
Informa a
Convenção Batista Brasileira no seu portal na internet:
“Considerando
as Raízes Doutrinárias, os Batistas saem diretamente das páginas do Novo
Testamento: dos lábios e ensinos de Jesus e dos apóstolos e tem sua trajetória
marcada pela oposição a toda corrupção da doutrina cristã claramente exposta no
Novo Testamento."
Conforme já se
sabe, os batistas surgiram historicamente quase 1.600 anos após o início da
Igreja deixada por Jesus neste mundo e expandida pelos seus apóstolos e
seguidores, conforme nos informa o livro de Atos. Após tanto tempo, as heresias
se multiplicaram, a ponto de exigir a ação de reformadores, como Lutero,
Zuínglio e Calvino, no século XVI. No entanto, apesar das reformas, muita coisa
ainda precisava ser mudada, na busca da Igreja mais pura, neotestamentária e
apostólica que muitos almejavam. Foi neste anseio de volta às origens bíblicas
que surgiram os batistas, resgatando muitas doutrinas e práticas da igreja
primitiva. As doutrinas batistas foram, portanto, resultado de conquistas
históricas, que demandaram tempo, luta, perseguição e muito sofrimento, para
que delas pudéssemos usufruir nos dias atuais.
A primeira
doutrina a ser restaurada foi a de igreja como
congregação local, em substituição à ideia paroquial que prevalecia, apesar das
reformas. “Igreja é uma congregação local de pessoas regeneradas e
batizadas após profissão de fé. (...) Tais congregações são constituídas por
livre vontade dessas pessoas, com a finalidade de prestarem culto a Deus,
observarem as ordenanças de Jesus, meditarem nos ensinamentos da Bíblia para a
edificação mútua e para a propagação do evangelho.”Este texto faz parte da
doutrina número VIII da Convenção Batista Brasileira. Partindo desta verdade
alicerçada na Bíblia, outras doutrinas foram resgatadas ainda por Smyth e sua
“congregação da padaria”, como a de pecado (“...
cedendo à tentação de Satanás, num ato livre de desobediência contra seu
Criador, o homem caiu em pecado e assim perdeu a comunhão com Deus e ficou dele
separado”), a doutrina desalvação (... a
salvação é outorgada por Deus pela sua graça, mediante arrependimento do
pecador e da sua fé em Jesus Cristo como único Salvador e Senhor”),
evoluindo-se então para outras verdades que precisavam ser resgatadas.
Com relação
ao homem, “criado por Deus à sua imagem e conforme a
sua semelhança”, disso decorrendo seu valor e dignidade, já na Inglaterra,
Helwys e seus contemporâneos batistas procuraram demonstrar, inclusive para o
Rei James I, que“Deus e somente Deus é o Senhor da consciência” e,
em decorrência disso, “a liberdade religiosa é um dos direitos
fundamentais do homem, inerente à sua natureza moral e espiritual”, não
devendo essa liberdade, portanto, “sofrer ingerência de qualquer poder
humano”. O princípio de que “a Igreja e o Estado devem estar
separados por serem diferentes em suas naturezas, objetivos e funções” decorre
desta noção de liberdade individual, diante de Deus e dos homens. Por escrever
sobre tais ideais, Thomas Helwys perdeu sua própria vida.
Tendo recebido
o nome de batistas, os membros da denominação, desde o início,
defenderam o batismo como a porta de entrada na igreja após a conversão, contrariando
o pedobatismo que prevalecia na época, mesmo entre os grupos reformados.
Entendem os batistas o batismo e a Ceia do
Senhor como “as duas ordenanças da igreja estabelecidas
pelo próprio Senhor Jesus Cristo, sendo ambas de natureza simbólica”, contrariando
as ideias católicas de sacramentos, que grupos reformados mantiveram e mantêm
até hoje. Outras doutrinas têm sua origem no próprio movimento de Lutero, como
o da Sola Scriptura, por exemplo, entendendo os batistas que “a
Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana”, sendo “o registro
da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens”.
Com o título
de Justos e Ímpios e sob o número XIX, o texto a seguir
encerra a série de doutrinas que as igrejas batistas ligadas à Convenção
Batista Brasileira procuram defender e seguir, até que Cristo volte. Todos os
textos mencionados com destaque em itálico foram extraídos das dezenove
doutrinas:
“Deus, no
exercício de sua sabedoria, está conduzindo o mundo e a história a seu termo
final. Em cumprimento à sua promessa, Jesus Cristo voltará a este mundo,
pessoal e visivelmente, em grande poder e glória. Os mortos em Cristo serão
ressuscitados, arrebatados e se unirão ao Senhor. Os mortos sem Cristo também
serão ressuscitados. Conquanto os crentes já estejam justificados pela fé,
todos os homens comparecerão perante o tribunal de Jesus Cristo para serem
julgados, cada um segundo suas obras, pois através destas é que se manifestam
os frutos da fé ou os da incredulidade. Os ímpios condenados e destinados ao
inferno lá sofrerão o castigo eterno, separados de Deus. Os justos, com os
corpos glorificados, receberão seus galardões e habitarão para sempre no céu
como o Senhor.”
Aos judeus
maravilhados diante de sua sabedoria, Jesus disse não ser sua a doutrina, mas
daquele que o havia enviado. Deus é o Senhor de toda a instrução, ensino,
erudição e o condutor a toda a aprendizagem o que diz respeito às doutrinas da
sua Igreja. Estarão os homens do século XXI também maravilhados
diante da doutrina que veem em nós, seja no ensino ou na vida, ou temos nós
revelado ignorância diante do mundo com relação às razões da nossa fé?
Não existe
maneira mais adequada de encerrar este segmento do que fazendo coro com o
apóstolo João no final do seu Apocalipse: Maranata! “Ora vem, Senhor Jesus!”
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