26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL

26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL
As duas vias

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

48 - DOUTRINAS BATISTAS: NOSSAS CONQUISTAS HISTÓRICAS

“E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido? Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.” (João 7:15-16)  
      
A palavra “doutrina”, do latim doctrina, tinha em sua língua de origem o sentido de instrução, ensino, erudição, aprendizagem. O dicionário do Aurélio define “doutrina” em português como conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso.
Informa a Convenção Batista Brasileira no seu portal na internet: 

“Considerando as Raízes Doutrinárias, os Batistas saem diretamente das páginas do Novo Testamento: dos lábios e ensinos de Jesus e dos apóstolos e tem sua trajetória marcada pela oposição a toda corrupção da doutrina cristã claramente exposta no Novo Testamento." 

Conforme já se sabe, os batistas surgiram historicamente quase 1.600 anos após o início da Igreja deixada por Jesus neste mundo e expandida pelos seus apóstolos e seguidores, conforme nos informa o livro de Atos. Após tanto tempo, as heresias se multiplicaram, a ponto de exigir a ação de reformadores, como Lutero, Zuínglio e Calvino, no século XVI. No entanto, apesar das reformas, muita coisa ainda precisava ser mudada, na busca da Igreja mais pura, neotestamentária e apostólica que muitos almejavam. Foi neste anseio de volta às origens bíblicas que surgiram os batistas, resgatando muitas doutrinas e práticas da igreja primitiva. As doutrinas batistas foram, portanto, resultado de conquistas históricas, que demandaram tempo, luta, perseguição e muito sofrimento, para que delas pudéssemos usufruir nos dias atuais.
A primeira doutrina a ser restaurada foi a de igreja como congregação local, em substituição à ideia paroquial que prevalecia, apesar das reformas. “Igreja é uma congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissão de fé. (...) Tais congregações são constituídas por livre vontade dessas pessoas, com a finalidade de prestarem culto a Deus, observarem as ordenanças de Jesus, meditarem nos ensinamentos da Bíblia para a edificação mútua e para a propagação do evangelho.”Este texto faz parte da doutrina número VIII da Convenção Batista Brasileira. Partindo desta verdade alicerçada na Bíblia, outras doutrinas foram resgatadas ainda por Smyth e sua “congregação da padaria”, como a de pecado (“... cedendo à tentação de Satanás, num ato livre de desobediência contra seu Criador, o homem caiu em pecado e assim perdeu a comunhão com Deus e ficou dele separado”), a doutrina desalvação (... a salvação é outorgada por Deus pela sua graça, mediante arrependimento do pecador e da sua fé em Jesus Cristo como único Salvador e Senhor”), evoluindo-se então para outras verdades que precisavam ser resgatadas.
Com relação ao homem“criado por Deus à sua imagem e conforme a sua semelhança”, disso decorrendo seu valor e dignidade, já na Inglaterra, Helwys e seus contemporâneos batistas procuraram demonstrar, inclusive para o Rei James I, que“Deus e somente Deus é o Senhor da consciência” e, em decorrência disso, “a liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais do homem, inerente à sua natureza moral e espiritual”, não devendo essa liberdade, portanto, “sofrer ingerência de qualquer poder humano”. O princípio de que “a Igreja e o Estado devem estar separados por serem diferentes em suas naturezas, objetivos e funções” decorre desta noção de liberdade individual, diante de Deus e dos homens. Por escrever sobre tais ideais, Thomas Helwys perdeu sua própria vida.
Tendo recebido o nome de batistas, os membros da denominação, desde o início, defenderam o batismo como a porta de entrada na igreja após a conversão, contrariando o pedobatismo que prevalecia na época, mesmo entre os grupos reformados. Entendem os batistas o batismo e a Ceia do Senhor como “as duas ordenanças da igreja estabelecidas pelo próprio Senhor Jesus Cristo, sendo ambas de natureza simbólica”, contrariando as ideias católicas de sacramentos, que grupos reformados mantiveram e mantêm até hoje. Outras doutrinas têm sua origem no próprio movimento de Lutero, como o da Sola Scriptura, por exemplo, entendendo os batistas que “a Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana”, sendo “o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens”.
Com o título de Justos e Ímpios e sob o número XIX, o texto a seguir encerra a série de doutrinas que as igrejas batistas ligadas à Convenção Batista Brasileira procuram defender e seguir, até que Cristo volte. Todos os textos mencionados com destaque em itálico foram extraídos das dezenove doutrinas: 

“Deus, no exercício de sua sabedoria, está conduzindo o mundo e a história a seu termo final. Em cumprimento à sua promessa, Jesus Cristo voltará a este mundo, pessoal e visivelmente, em grande poder e glória. Os mortos em Cristo serão ressuscitados, arrebatados e se unirão ao Senhor. Os mortos sem Cristo também serão ressuscitados. Conquanto os crentes já estejam justificados pela fé, todos os homens comparecerão perante o tribunal de Jesus Cristo para serem julgados, cada um segundo suas obras, pois através destas é que se manifestam os frutos da fé ou os da incredulidade. Os ímpios condenados e destinados ao inferno lá sofrerão o castigo eterno, separados de Deus. Os justos, com os corpos glorificados, receberão seus galardões e habitarão para sempre no céu como o Senhor.”

Aos judeus maravilhados diante de sua sabedoria, Jesus disse não ser sua a doutrina, mas daquele que o havia enviado. Deus é o Senhor de toda a instrução, ensino, erudição e o condutor a toda a aprendizagem o que diz respeito às doutrinas da sua IgrejaEstarão os homens do século XXI também maravilhados diante da doutrina que veem em nós, seja no ensino ou na vida, ou temos nós revelado ignorância diante do mundo com relação às razões da nossa fé?
Não existe maneira mais adequada de encerrar este segmento do que fazendo coro com o apóstolo João no final do seu Apocalipse: Maranata! “Ora vem, Senhor Jesus!”

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ÍNDICE DOS FASCÍCULOS

Introdução 1)    16 séculos de Igreja Cristã 2)    Anglicanismo: a Igreja do Rei 3)    Puritanos, Separatistas, Batistas 4)    A “C...