“Veio para o
que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam,
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome.” João 1:11-12
Tendo o
trabalho batista sido iniciado por missões norte-americanas, aos poucos,
principalmente com o final da escravidão, o Brasil começou a abrir suas portas
para diversas correntes imigratórias, fato que teve influência no
desenvolvimento da história batista entre nós. Seria muito difícil abordar
neste espaço as diferentes nacionalidades que para cá vieram, mas vamos mencionar
as mais importantes.
Os batistas
alemães, de formação "onckeniana", chegaram e se dirigiram para o Rio
Grande do Sul. Vítimas de perseguições, houve conversões, batismos e, em 1893,
organizaram a primeira igreja de língua alemã no Brasil, com 45 membros, na
cidade de Santa Cruz, no interior do estado. Em 1898, fundaram a Igreja Alemã
de Porto Alegre. Com a organização de outras igrejas, em 15 de maio de 1910,
foi organizada uma Associação para união das igrejas, hoje chamada Convenção
Batista Pioneira do Sul do Brasil, com igrejas do Rio Grande do Sul, de Santa
Catarina, do Paraná e de São Paulo. Inicialmente, as igrejas mantinham seus
cultos em língua alemã, mas atualmente têm-se dedicado à obra da evangelização
em geral. Vários nomes de obreiros poderiam ser aqui citados como resultado da
obra dos alemães, mas vamos representá-los todos na atuação de Ricardo
Pitrowsky
Mais de 100.000 húngaros emigraram para o Brasil entre 1924 e 1926, com a
presença de várias famílias batistas entre eles. Inicialmente no interior de
São Paulo, organizaram uma igreja batista húngara em Caiuá, na Alta Sorocabana.
Outros grupos foram para Ribeirão Preto (SP) e Ribeirão Claro, no Paraná. Em 2
de agosto de 1931, sob a liderança do Pastor João Klawa, da Igreja da Lapa, foi
organizada a Primeira Igreja Batista Húngara na capital de São Paulo, com
trinta membros fundadores.
Yan Kee Wing,
professor da Universidade de São Paulo, um chinês naturalizado brasileiro,
iniciou, em 1958, usando sua própria casa, um trabalho de evangelização de seus
patrícios, resultando desse trabalho a Primeira Igreja Batista Chinesa de São
Paulo, que contava com 160 membros em 1961. Em 1964, uma segunda igreja foi
organizada, bem como uma congregação em Belo Horizonte mais tarde.
Além da
imigração norte-americana recebida por nosso país na região de Santa Bárbara,
em São Paulo, que resultou, entre outras coisas, na existência da cidade de
Americana nos dias de hoje, posteriormente, a vinda de muitos batistas
norte-americanos para o Brasil, por várias razões, muitas delas de trabalho,
levou a denominação à organização de igrejas na língua inglesa em São Paulo e
no Rio de Janeiro. A Junta de Richmond chegou a enviar missionários para
liderarem o trabalho. A Copacabana Baptist Church foi uma delas, depois nomeada
Igreja Batista Internacional. A membresia dessas igrejas é passageira e tem
havido interação entre elas e as igrejas brasileiras, como a cessão de espaço
do templo para uso comum quando necessário.
Muitos outros
batistas estrangeiros têm vindo para o Brasil, atuando em suas comunidades,
tais como os eslavos (ucranianos, búlgaros, russos e outros), e os estonianos.
Nascida no estrangeiro, com ingleses vivendo na Holanda, a igreja batista tem
sabido, pelo menos no Brasil, receber de braços abertos e apoiar o trabalho de
irmãos de outras línguas e nacionalidades em sua mudança para nossas terras.
Silas Molochenko, João Klawa, Waldemiro Tymchak, André Peticov, Reinaldo Purim,
Ricardo Inke e outros são nomes de obreiros que, ligados em sua origem a esses
grupos estrangeiros, aqui atuaram, deixando sua marca no desenvolvimento da
obra batista nacional.
O trabalho leto
já estudado produziu muitos obreiros e acrescentou ao meio batista grande
contribuição daqueles irmãos, sem mencionar a participação de muitos letos em
diferentes setores, levantamento feito pelo Pastor Osvaldo Ronis já citado. Na
música sacra, por exemplo, Arthur Lakschevitz, com o conjunto de sua obra e
principalmente com os “Coros Sacros”, foi um exemplo de influência marcante
entre nós.
“Ao trazer à
luz este pequeno trabalho, rogamos a Deus que se digne enraizar nas memórias e
nos corações de muitos as verdades divinas nele apresentadas. É nosso sincero
desejo que Deus faça com que estes ‘Coros Sacros’ sejam um meio de bênçãos para
as igrejas evangélicas do vasto Brasil ."
Ao encerrar o
prefácio da edição dos “Coros Sacros” com as palavras acima, Arthur Lakschevitz
parece resumir bem o espírito com que para cá vieram os estrangeiros e, em
especial, aqueles que se integraram e atuaram no meio batista. Tendo as
“verdades divinas” como objetivo a ser disseminado, os batistas estrangeiros
que tem vivido no Brasil, de modo geral, tem trabalhado para que o evangelho
faça raízes na memória e no coração do povo brasileiro, tanto ao ser anunciado
como mensagem de salvação, quanto ao ser utilizado como elemento mantenedor e
edificador desta fé em Cristo, aquele que “veio para o que era seu” e
não foi recebido devidamente no meio do seu povo, mas que deu a todos os que
vieram a crer nele o poder e o privilégio de serem chamados “filhos de
Deus”.
Dentro desta
linha de diversidade de influências que existe no meio batista, no próximo
fascículo abordaremos os diferentes grupos e convenções batistas que vieram
atuar no Brasil ao longo do tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário