26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL

26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL
As duas vias

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

37 - OS BATISTAS E AS CRIANÇAS

“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” Provérbios 22.6

As crianças têm sido uma preocupação constante dos batistas, principalmente se focalizarmos a expansão do trabalho no Brasil. Embora recusassem o dogma católico do pedobatismo, mantido por grupos cristãos mesmo após a Reforma, os batistas procuraram sempre devotar às crianças um tratamento especial, preparando-as para a aceitação da mensagem do evangelho na idade apropriada. Assim sendo, duas organizações se destacaram no decorrer da história com esta finalidade. Uma delas tem como alvos para a vida dos participantes os seguintes:

ü  Viverei em Cristo pela oração.
ü  Crescerei em sabedoria pelo estudo da Bíblia. 
ü  Reconhecerei a minha mordomia.
ü  Enfeitar-me-ei com boas obras. 
ü  Aceitarei a responsabilidade da grande comissão.

Usando como lema “Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz”, texto de Isaias 60: 1, as igrejas batistas dispõem de uma organização chamadaMensageiras do Rei, sob a orientação da União Feminina, para meninas de 9 a 16 anosMinnie Lou Lanier, missionária norte-americana, organizou esse trabalho, inicialmente em algumas igrejas do Rio de Janeiro, com base em atividade semelhante surgida nos Estados Unidos. Prevendo oito passos, começando comMenina, Filha, Princesa, Rainha e Rainha-em-serviço, a organização previa também os passos superiores de Rainha-com-cetro, Rainha-regente e Rainha-regente-em-serviço. Apesar de certa relutância com relação aos postos de rainha, ao uso de coroa ou aos vestidos longos das solenidades, aos poucos as igrejas foram aderindo à ideia por todo o Brasil, existindo a atividade até os dias de hoje.
Paralelamente às Mensageiras, também os irmãos batistas da outra América desenvolveram um trabalho para crianças e adolescentes do sexo masculino, osEmbaixadores do Rei, surgido em 1883, no estado americano do Kentucky. Também sob a orientação da União Feminina, a organização prevê uma graduação, tal como a das Mensageiras. No caso das embaixadas, eram previstos os postos de Arauto, Escudeiro, Cavaleiro e Embaixador, acrescidos mais tarde de Embaixador Especial eEmbaixador Plenipotenciário, para meninos acima de 13 anos de idade. Ambas as organizações têm como objetivo incentivar o interesse por missões, tanto nacionais quanto estrangeiras, prevendo-se o uso de acampamentos para as reuniões.
Desde o início, material específico para o desenvolvimento infantil, visando à conversão e ao conhecimento de Deus e das coisas relativas ao Seu Reino, tem sido preparado e usado pelas igrejas ao longo dos anos. Conforme nos informa o Livro de Ouro, organizado para a comemoração do centenário da CBB, a JUERP sempre se preocupou com a preparação de materiais para as diferentes faixas etárias, prevendo, no 1º nível, revistas como Brincando, Crescendo, Caminhando, Aprendendo eVivendo, para crianças desde o nascimento até os doze anos de idade, além da revista Diálogo e Ação para adolescentes.
Uma decisão importante tomada pela Junta de Escolas Dominicais na década de 1920 foi a da criação da Escola Popular Batista, a EPB, que depois veio a ser chamada de Escola Bíblica de Férias. Segundo Reis Pereira, o introdutor dessa idéia no Brasil foi o Missionário William Walters Enete. Destina-se esta organização ao ensino de verdades bíblicas a crianças da igreja local e das suas vizinhanças, durante o tempo das férias escolares de julho, ocupando uma ou mais semanas. A programação inclui, além do estudo da Bíblia, cânticos, trabalhos manuais e recreação, sendo também objetivo atingir as famílias das crianças não-crentes.
Pastor Enete, como era conhecido, foi o missionário das crianças. Tendo chegado ao Brasil em 1924, após buscar o domínio de nossa língua, começou seu ministério, tendo realizado a primeira Escola Popular Batista na Igreja de Catumbi, hoje Central do Rio de Janeiro, com 57 alunos e 14 professores. Depois a idéia se espalhou pelo Brasil todo. Pastor Enete trabalhou durante 17 anos, dirigindo o Departamento de Escolas Populares e preparando os manuais necessários para orientação das atividades junto às igrejas que desejassem. Informa Reis Pereira que, no ano de 1941, houve “175 Escolas, em todo o país, com 12.589 alunos”, mas esclarece que “isso representava somente cinquenta por cento do trabalho realizado, porque os relatórios eram falhos”. De 1942 a 1958, “Tio Billy” trabalhou em todos os recantos do território nacional, dirigindo um “mobil home”, veículo que lhe dava condições de transporte e residência por onde quer que andasse. Conforme diz o historiador, “ainda hoje muitos batistas brasileiros relembram, com saudade e gratidão, o ‘Tio Billy’, com suas histórias, seu boneco (ele era ventríloquo), suas prestidigitações, suas mágicas, o vasto arsenal de que dispunha para prender a atenção das crianças e anunciar-lhes a mensagem do evangelho”. Ainda hoje, existem membros nas igrejas batistas que são frutos deste trabalho.
No site da Igreja Batista Central de Campinas, Estado de São Paulo, integrante da Convenção Batista Brasileira, podem ser lidas as seguintes palavras:
 “Cremos que a maior necessidade das crianças é de conhecer e apreciar o valor indescritível da glória de Deus. É por isso que nós desejamos que elas sejam tão bem instruídas na Palavra do Senhor, a ponto de serem capazes de valorizá-lo como o maior tesouro e a maior alegria de suas vidas.
O ministério infantil APASCENTAR deseja colaborar com os pais e a igreja no ensino das Escrituras a todas as nossas crianças. Queremos instruí-las com fidelidade bíblica, criatividade e muita alegria no Senhor, apontando-as sempre a Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo, para a alegria delas em Deus e também daqueles com quem elas haverão de compartilhar a sua fé.” 
Estes sãos os objetivos do Departamento infantil da IBCC e cremos que algo semelhante pode ser encontrado, implícita ou explicitamente, nas demais igrejas, já que todas precisam cuidar adequadamente de suas crianças, pois nelas está o potencial para a continuação do trabalho iniciado há tanto tempo. É preciso, de modo relevante e atual, investir esforços, material didático e humano, para que, na ocasião adequada, nossas crianças também venham a aceitar o sacrifício de Cristo, alguém que, enquanto esteve neste mundo, nunca as repudiou; ao contrário, deixou mensagens como "Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas”.

Começando por Santa Bárbara, no Estado de São Paulo, e por Salvador, na Bahia, aos poucos o trabalho batista foi-se expandindo pelos demais estados da Federação. Como foi essa expansão, começando por São Paulo? É o que começaremos a ver, a partir do próximo segmento.

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ÍNDICE DOS FASCÍCULOS

Introdução 1)    16 séculos de Igreja Cristã 2)    Anglicanismo: a Igreja do Rei 3)    Puritanos, Separatistas, Batistas 4)    A “C...