“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer
não se desviará dele.” Provérbios 22.6
As crianças têm sido
uma preocupação constante dos batistas, principalmente se focalizarmos a
expansão do trabalho no Brasil. Embora recusassem o dogma católico do
pedobatismo, mantido por grupos cristãos mesmo após a Reforma, os batistas
procuraram sempre devotar às crianças um tratamento especial, preparando-as
para a aceitação da mensagem do evangelho na idade apropriada. Assim sendo,
duas organizações se destacaram no decorrer da história com esta finalidade.
Uma delas tem como alvos para a vida dos participantes os seguintes:
ü Viverei em Cristo pela oração.
ü Crescerei em sabedoria pelo estudo da Bíblia.
ü Reconhecerei a minha mordomia.
ü Enfeitar-me-ei com boas obras.
ü Aceitarei a responsabilidade da grande comissão.
Usando como lema “Levanta-te,
resplandece, porque já vem a tua luz”, texto de Isaias 60: 1, as igrejas
batistas dispõem de uma organização chamadaMensageiras
do Rei, sob a orientação da União Feminina, para meninas
de 9 a 16 anos. Minnie Lou Lanier, missionária norte-americana,
organizou esse trabalho, inicialmente em algumas igrejas do Rio de Janeiro, com
base em atividade semelhante surgida nos Estados Unidos. Prevendo oito passos,
começando comMenina, Filha, Princesa, Rainha e Rainha-em-serviço,
a organização previa também os passos superiores de Rainha-com-cetro,
Rainha-regente e Rainha-regente-em-serviço. Apesar de
certa relutância com relação aos postos de rainha, ao uso de coroa ou aos
vestidos longos das solenidades, aos poucos as igrejas foram aderindo à ideia
por todo o Brasil, existindo a atividade até os dias de hoje.
Paralelamente às
Mensageiras, também os irmãos batistas da outra América desenvolveram um trabalho
para crianças e adolescentes do sexo masculino, osEmbaixadores do Rei, surgido
em 1883, no estado americano do Kentucky. Também sob a orientação da União
Feminina, a organização prevê uma graduação, tal como a das Mensageiras. No
caso das embaixadas, eram previstos os postos de Arauto, Escudeiro,
Cavaleiro e Embaixador, acrescidos mais tarde de Embaixador
Especial eEmbaixador Plenipotenciário, para meninos acima de 13
anos de idade. Ambas as organizações têm como objetivo incentivar o interesse
por missões, tanto nacionais quanto estrangeiras, prevendo-se o uso de
acampamentos para as reuniões.
Desde o início,
material específico para o desenvolvimento infantil, visando à conversão e ao
conhecimento de Deus e das coisas relativas ao Seu Reino, tem sido preparado e
usado pelas igrejas ao longo dos anos. Conforme nos informa o Livro de
Ouro, organizado para a comemoração do centenário da CBB, a JUERP
sempre se preocupou com a preparação de materiais para as diferentes faixas
etárias, prevendo, no 1º nível, revistas como Brincando, Crescendo,
Caminhando, Aprendendo eVivendo, para crianças desde o
nascimento até os doze anos de idade, além da revista Diálogo e Ação para
adolescentes.
Uma decisão
importante tomada pela Junta de Escolas Dominicais na década de 1920 foi a da
criação da Escola Popular Batista, a EPB, que depois veio a ser
chamada de Escola Bíblica de Férias. Segundo Reis Pereira, o
introdutor dessa idéia no Brasil foi o Missionário William Walters Enete.
Destina-se esta organização ao ensino de verdades bíblicas a crianças da igreja
local e das suas vizinhanças, durante o tempo das férias escolares de julho,
ocupando uma ou mais semanas. A programação inclui, além do estudo da Bíblia,
cânticos, trabalhos manuais e recreação, sendo também objetivo atingir as
famílias das crianças não-crentes.
Pastor Enete, como
era conhecido, foi o missionário das crianças. Tendo chegado ao
Brasil em 1924, após buscar o domínio de nossa língua, começou seu ministério,
tendo realizado a primeira Escola Popular Batista na Igreja de Catumbi, hoje
Central do Rio de Janeiro, com 57 alunos e 14 professores. Depois a idéia se
espalhou pelo Brasil todo. Pastor Enete trabalhou durante 17 anos, dirigindo o
Departamento de Escolas Populares e preparando os manuais necessários para
orientação das atividades junto às igrejas que desejassem. Informa Reis Pereira
que, no ano de 1941, houve “175 Escolas, em todo o país, com 12.589
alunos”, mas esclarece que “isso representava somente
cinquenta por cento do trabalho realizado, porque os relatórios eram falhos”.
De 1942 a 1958, “Tio Billy” trabalhou em todos os recantos do território
nacional, dirigindo um “mobil home”, veículo que lhe dava condições
de transporte e residência por onde quer que andasse. Conforme diz o
historiador, “ainda hoje muitos batistas brasileiros relembram, com
saudade e gratidão, o ‘Tio Billy’, com suas histórias, seu boneco (ele era
ventríloquo), suas prestidigitações, suas mágicas, o vasto arsenal de que
dispunha para prender a atenção das crianças e anunciar-lhes a mensagem do
evangelho”. Ainda hoje, existem membros nas igrejas batistas que são
frutos deste trabalho.
No site da
Igreja Batista Central de Campinas, Estado de São Paulo, integrante da
Convenção Batista Brasileira, podem ser lidas as seguintes palavras:
“Cremos que
a maior necessidade das crianças é de conhecer e apreciar o valor indescritível
da glória de Deus. É por isso que nós desejamos que elas sejam tão bem
instruídas na Palavra do Senhor, a ponto de serem capazes de valorizá-lo como o
maior tesouro e a maior alegria de suas vidas.
O ministério infantil
APASCENTAR deseja colaborar com os pais e a igreja no ensino das
Escrituras a todas as nossas crianças. Queremos instruí-las com fidelidade
bíblica, criatividade e muita alegria no Senhor, apontando-as sempre a Jesus
Cristo, no poder do Espírito Santo, para a alegria delas em Deus e
também daqueles com quem elas haverão de compartilhar a sua fé.”
Estes sãos os
objetivos do Departamento infantil da IBCC e cremos que algo semelhante pode
ser encontrado, implícita ou explicitamente, nas demais igrejas, já que todas
precisam cuidar adequadamente de suas crianças, pois nelas está o potencial
para a continuação do trabalho iniciado há tanto tempo. É preciso, de modo
relevante e atual, investir esforços, material didático e humano, para que, na
ocasião adequada, nossas crianças também venham a aceitar o sacrifício de
Cristo, alguém que, enquanto esteve neste mundo, nunca as repudiou; ao
contrário, deixou mensagens como "Deixem vir a mim as crianças, não
as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas”.
Começando por Santa
Bárbara, no Estado de São Paulo, e por Salvador, na Bahia, aos poucos o
trabalho batista foi-se expandindo pelos demais estados da Federação. Como foi
essa expansão, começando por São Paulo? É o que começaremos a ver, a partir do
próximo segmento.
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