“Admiro-me de que vocês
estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo,
para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que
ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o
evangelho de Cristo. Mas ainda que nós, ou um anjo dos céus, pregue um
evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já
dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele
que já receberam, que seja amaldiçoado” (Gálatas 1.6-9).
Paulo
viveu no século I, tendo nascido entre os anos 5 e 10 do primeiro século,
segundo se crê. Acompanhou ele o começo da Igreja, principalmente a sua
abertura para os gentios. As igrejas de sua época ainda contavam com a presença
física dos apóstolos de Cristo, o que legitimava a mensagem do evangelho. No
entanto, quando se dirigiu às igrejas da Galácia, advertiu os irmãos daquela
localidade para o perigo das idéias estranhas que, lentamente, começavam a
minar a pureza apostólica da mensagem da Igreja.
No
decorrer dos séculos, porém, a Igreja começou a se distanciar do padrão
absoluto do seu edificador, ao permitir a entrada de heresias e procedimentos
baseados na tradição e em decisões humanas. Esse afastamento atingiu um clímax
após quinze séculos de história, provocando um movimento que, iniciado na
Alemanha, espalhou-se pelo mundo cristão, gerando novas formas de organização
do trabalho da Igreja: a Reforma Protestante. Inicialmente, o movimento foi
geograficamente limitado aos povos de origem germânica do norte e do oeste da
Europa.
É
difícil entender como e por que a Reforma Protestante se deu naquela época e
daquela forma. Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, um professor
monástico da Universidade de Wittenberg, na Alemanha, quis discutir com seus
alunos o abuso da cobrança de indulgências por parte da Igreja Católica.
Noventa e cinco teses foram divulgadas na época para iniciar a discussão, mas
elas provocaram uma resposta imediata, que iniciou a maior de todas as
revoluções da história da igreja. A partir das teses, os acontecimentos se
precipitaram a tal ponto que, três anos após sua divulgação, no dia 10 de
outubro de 1520, Lutero receberia uma bula papal emitida contra ele, que se referia
à sua figura como a de um javali selvagem que havia invadido a
vinha do Senhor. A bula papal foi queimada por Lutero, num rompimento com o
papa.
Lutero
procurou desenvolver sua teologia partindo da Palavra de Deus, onde buscou
primeiramente entender o conceito de salvação, chegando à compreensão
da justificação pela fé. No final dessa formulação, ficaram famosos os cinco “sola”, expressão latina que significa "somente":
ü Sola
Scriptura: somente a Escritura é fonte de revelação divina escrita.
ü Solus Christus: a salvação é
realizada somente pela obra mediatória de Cristo.
ü Sola Gratia: na salvação, somos
resgatados da ira somente pela graça de Deus.
ü Sola Fide: A justificação
pela graça é somente por intermédio da fé em
Cristo.
ü Soli Deo Gloria:
Pela salvação, somente a Deus devemos dar glória.
O
Concílio de Trento, de 1545 a 1563, foi a resposta de Roma ao protestantismo
nascente. A Profissão de Fé Tridentina reafirmou os diferenciais
teológicos católicos, impossibilitando uma reconciliação com os protestantes.
Entre as decisões tomadas, o concílio declarou que apenas a Vulgata, a
Bíblia latina, era a versão oficial para uso da igreja, mantendo suas tradições
e as intervenções papais como tendo a mesma autoridade das Escrituras como base
de seus dogmas.
Shelley afirma: “A
Reforma veio com furor; Martinho Lutero tocou a trombeta, mas muitos outros
abraçaram a causa”. A partir do século XVI, com a trombeta tocada por
Lutero, surgiram Zuínglio, Calvino e outros reformadores da história da Igreja,
homens que criam na Palavra de Deus “para produzir a reforma que a igreja
necessitava, e da qual eles não seriam mais que preâmbulo”, conforme o dizer de Justo Gonzalez. Surgiram então, na esteira dos reformadores, as primeiras
denominações protestantes, representadas nas quatro vertentes da
reforma: Luteranismo, as congregações da linha de Zuínglio,
Calvinismo e Anglicanismo.
Martinho
Lutero (1483-1546)
deu origem ao Luteranismo. Segundo informações de um site luterano,
as doutrinas que definem atualmente a fé luterana seguem os cinco solas já mencionados. No que toca aos
sacramentos, seguindo a Lutero no seu Catecismo Maior, os luteranos mencionam
apenas dois, Batismo e Santa Comunhão, embora a Confissão e
a Absolvição (ou Arrependimento) sejam chamadas de terceiro
sacramento. Praticam o batismo tanto de crianças recém-nascidas como de
adultos. Quanto à Santa Comunhão, também chamada de Sacramento do Altar ou Ceia
do Senhor, creem os luteranos que os elementos consagrados são o verdadeiro
corpo e sangue de Cristo “em, com e sob a forma” de pão e vinho para
todos os que dele comem e bebem, doutrina essa chamada de União Sacramental.
Úlrico
Zuinglio (1484-1531)
é o segundo nome que surge no movimento da reforma, tendo atuado principalmente
nos cantões da Suíça. Ele defendia que o Evangelho tem autoridade sobre a
igreja e que a salvação é pela fé somente, negando o caráter sacrificial da
missa, as boas obras para a salvação, o valor intercessório dos santos, os votos
monásticos e a existência do purgatório.Representando a ala
mais radical da Reforma, seguindo sua linha surgiram os
anabatistas, sendo atualmente seus principais remanescentes os menonitas, os hutteritas e os grupos amish.
João
Calvino (1509-1564),
pela importância da sua obra, é apontado como o grande teólogo da Reforma. Com
as lnstitutas da Religião Cristã, a partir de Genebra, na Suíça, ele é
lembrado por Cairns como tendo sido,“ sem dúvida, um reformador internacional,
cujo trabalho influenciou presbiterianos, reformados e puritanos”. Sua
importância junto aos batistas será mencionada no devido tempo.
Quatro são as vertentes apontadas pelos historiadores como resultado da Reforma Protestante. As três mencionadas partem, cada uma delas, de um reformador; a quarta, que nos toca mais de perto como batistas, será abordada no próximo segmento.
Quatro são as vertentes apontadas pelos historiadores como resultado da Reforma Protestante. As três mencionadas partem, cada uma delas, de um reformador; a quarta, que nos toca mais de perto como batistas, será abordada no próximo segmento.
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