26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL

26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL
As duas vias

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

1 - 16 SÉCULOS DE IGREJA CRISTÃ

“Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós, ou um anjo dos céus, pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado” (Gálatas 1.6-9).

Paulo viveu no século I, tendo nascido entre os anos 5 e 10 do primeiro século, segundo se crê. Acompanhou ele o começo da Igreja, principalmente a sua abertura para os gentios. As igrejas de sua época ainda contavam com a presença física dos apóstolos de Cristo, o que legitimava a mensagem do evangelho. No entanto, quando se dirigiu às igrejas da Galácia, advertiu os irmãos daquela localidade para o perigo das idéias estranhas que, lentamente, começavam a minar a pureza apostólica da mensagem da Igreja.
No decorrer dos séculos, porém, a Igreja começou a se distanciar do padrão absoluto do seu edificador, ao permitir a entrada de heresias e procedimentos baseados na tradição e em decisões humanas. Esse afastamento atingiu um clímax após quinze séculos de história, provocando um movimento que, iniciado na Alemanha, espalhou-se pelo mundo cristão, gerando novas formas de organização do trabalho da Igreja: a Reforma Protestante. Inicialmente, o movimento foi geograficamente limitado aos povos de origem germânica do norte e do oeste da Europa.
É difícil entender como e por que a Reforma Protestante se deu naquela época e daquela forma. Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, um professor monástico da Universidade de Wittenberg, na Alemanha, quis discutir com seus alunos o abuso da cobrança de indulgências por parte da Igreja Católica. Noventa e cinco teses foram divulgadas na época para iniciar a discussão, mas elas provocaram uma resposta imediata, que iniciou a maior de todas as revoluções da história da igreja. A partir das teses, os acontecimentos se precipitaram a tal ponto que, três anos após sua divulgação, no dia 10 de outubro de 1520, Lutero receberia uma bula papal emitida contra ele, que se referia à sua figura como a de um javali selvagem que havia invadido a vinha do Senhor. A bula papal foi queimada por Lutero, num rompimento com o papa.
Lutero procurou desenvolver sua teologia partindo da Palavra de Deus, onde buscou primeiramente entender o conceito de salvação, chegando à compreensão da justificação pela fé. No final dessa formulação, ficaram famosos os cinco “sola”, expressão latina que significa "somente":
ü  Sola Scriptura: somente a Escritura é fonte de revelação divina escrita.
ü  Solus Christus: a salvação é realizada somente pela obra mediatória de Cristo.    
ü  Sola Gratia: na salvação, somos resgatados da ira somente pela graça de Deus.
ü  Sola Fide: A justificação pela graça é somente por intermédio da  em Cristo.
ü  Soli Deo Gloria: Pela salvação, somente a Deus devemos dar glória.
O Concílio de Trento, de 1545 a 1563, foi a resposta de Roma ao protestantismo nascente. A Profissão de Fé Tridentina reafirmou os diferenciais teológicos católicos, impossibilitando uma reconciliação com os protestantes. Entre as decisões tomadas, o concílio declarou que apenas a Vulgata, a Bíblia latina, era a versão oficial para uso da igreja, mantendo suas tradições e as intervenções papais como tendo a mesma autoridade das Escrituras como base de seus dogmas.
Shelley afirma: “A Reforma veio com furor; Martinho Lutero tocou a trombeta, mas muitos outros abraçaram a causa”. A partir do século XVI, com a trombeta tocada por Lutero, surgiram Zuínglio, Calvino e outros reformadores da história da Igreja, homens que criam na Palavra de Deus “para produzir a reforma que a igreja necessitava, e da qual eles não seriam mais que preâmbulo”, conforme o dizer de Justo Gonzalez. Surgiram então, na esteira dos reformadores, as primeiras denominações protestantes, representadas nas quatro vertentes da reforma: Luteranismo, as congregações da linha de Zuínglio, Calvinismo e Anglicanismo.
Martinho Lutero (1483-1546) deu origem ao Luteranismo. Segundo informações de um site luterano, as doutrinas que definem atualmente a fé luterana seguem os cinco solas já mencionados. No que toca aos sacramentos, seguindo a Lutero no seu Catecismo Maior, os luteranos mencionam apenas dois, Batismo e Santa Comunhão, embora a Confissão e a Absolvição (ou Arrependimento) sejam chamadas de terceiro sacramento. Praticam o batismo tanto de crianças recém-nascidas como de adultos. Quanto à Santa Comunhão, também chamada de Sacramento do Altar ou Ceia do Senhor, creem os luteranos que os elementos consagrados são o verdadeiro corpo e sangue de Cristo “em, com e sob a forma” de pão e vinho para todos os que dele comem e bebem, doutrina essa chamada de União Sacramental.
Úlrico Zuinglio (1484-1531) é o segundo nome que surge no movimento da reforma, tendo atuado principalmente nos cantões da Suíça. Ele defendia que o Evangelho tem autoridade sobre a igreja e que a salvação é pela fé somente, negando o caráter sacrificial da missa, as boas obras para a salvação, o valor intercessório dos santos, os votos monásticos e a existência do purgatório.Representando a ala mais radical da Reforma, seguindo sua linha surgiram os anabatistas, sendo atualmente seus principais remanescentes os menonitasos hutteritas e os grupos amish.
João Calvino (1509-1564), pela importância da sua obra, é apontado como o grande teólogo da Reforma. Com as lnstitutas da Religião Cristã, a partir de Genebra, na Suíça, ele é lembrado por Cairns como tendo sido,“ sem dúvida, um reformador internacional, cujo trabalho influenciou presbiterianos, reformados e puritanos”. Sua importância junto aos batistas será mencionada no devido tempo.
Quatro são as vertentes apontadas pelos historiadores como resultado da Reforma Protestante. As três mencionadas partem, cada uma delas, de um reformador; a quarta, que nos toca mais de perto como batistas, será abordada no próximo segmento.

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ÍNDICE DOS FASCÍCULOS

Introdução 1)    16 séculos de Igreja Cristã 2)    Anglicanismo: a Igreja do Rei 3)    Puritanos, Separatistas, Batistas 4)    A “C...