26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL

26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL
As duas vias

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

11 - IMERSÃO E O NOME "BATISTAS"

“... fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova.” (Romanos 6:3-4)
           
O batismo, ao longo da história do cristianismo, tem passado por muitas visões e práticas diferentes, seja com relação à sua forma, seja com referência ao seu significado.
A forma de batismo por imersão foi usada no começo pela igreja primitiva, já que o sentido da palavra no grego leva a essa compreensão, e foi mantida pela igreja católica romana, em algumas regiões, pelo menos até o século XIII, apesar de tantas heresias introduzidas. A igreja católica ortodoxa ainda o utiliza até os dias de hoje. As formas de batismo por aspersão ou por ablução foram aos poucos sendo introduzidas em algumas regiões, principalmente por causa da temperatura da água nas regiões de clima mais frio, além do atendimento a pessoas que, por deficiência ou debilidade física, não podiam ser batizadas por imersão. De formas de exceção, elas passaram a regra geral com o correr do tempo. Quanto ao significado do batismo, a heresia começou mais cedo, com a mudança de ato simbólico para sacramento e, consequentemente, com a introdução do batismo infantil, lentamente, já a partir dos primeiros séculos do cristianismo. Tal situação continuou até a Reforma Protestante e mesmo depois, tendo sido o batismo infantil e a aspersão mantidos por muitos grupos protestantes.
Partindo-se do separatismo da igreja anglicana, sabe-se que, em 1610, Henry Jacob mencionou a imersão, considerando-a o modo bíblico adequado do batismo, mas não restaurou sua prática. Em 1614, Leonard Busher defendeu-a em Religion’s Peace, dizendo que Cristo “havia mandado ser batizado na água, ou seja, mergulhando para a morte na água”. Nos anos de 1630, Mark Luker, da igreja de Eaton, também defendeu a imersão.
O batismo é realmente a marca inicial batista, mas, como já se viu, a preocupação inicial de Smyth e seus seguidores não foi quanto à forma da ordenança, mas quanto ao seu significado. Em uma época na qual o pedobatismo era a prática cristã comum, a “congregação da padaria” na Holanda passou a entender que, na igreja primitiva, a igreja local era formada por pessoas convertidas e batizadas. A forma de batismo na época foi, segundo se crê, a aspersão, mantida por Helwys inicialmente na Inglaterra entre os batistas gerais.
A forma do batismo por imersão surgiu com os batistas particulares. O Manuscrito de Kiffin (William Kiffin, 1616-1701), documento escrito por um dos primitivos batistas particulares, afirma que, durante os anos de 1640, Robert Blount, um membro de fala holandesa da congregação de Jessey, de Londres, foi enviado à Holanda para se informar sobre a maneira apropriada de batismo, tendo entrado em contato com os Rhynsburgers, ou Collegiants, uma seita liberal de origem menonita baseada nos arredores de Rinjsberg; eles praticavam o “batismo do crente por imersão”. Segundo o documento, em janeiro de 1642, Blount foi devidamente batizado e, retornando à Inglaterra, batizou outro, chamado Samuel Blacklock. Esses dois batistas, então, batizaram os outros 53 membros da congregação. Nem todos os integrantes da igreja de Jessey concordaram com a necessidade do rebatismo por imersão. Alguns questionaram a consulta aos anabatistas e outros expressaram dúvidas sobre sucessionismo, teoria que defende a origem dos batistas nos dias que antecedem o período apostólico, conhecida também como JJJ (Jerusalém, Jordão João), assunto que ainda será estudado. Embora a autenticidade do Manuscrito de Kiffin seja contestada por alguns historiadores, ele se constitui num dos únicos documentos existentes sobre aquele evento da história batista.
No início, muitas pessoas costumavam assistir aos cultos batistas movidas pela curiosidade, para testemunharem a um batismo por imersão, alguns até ridicularizando o ato. O apelido “batista” foi então dado para descrever as pessoas que praticavam essa “estranha” forma de batismo, nome que acabou prevalecendo. A Primeira Confissão Londrina dos Batistas Particulares, de 1644, diz a respeito do batismo o seguinte: “O modo e maneira de dispensação desta ordenança é, segundo as Escrituras, mergulhando ou imergindo todo o corpo na água”.
A primeira referência conhecida quanto ao nome das igrejas como “Batistas” na Inglaterra data de 1644, denominação inicialmente rejeitada por eles, que usavam outros nomes, como “Irmãos”, ou “Irmãos do Caminho Batizado”, sendo as congregações chamadas de “Igrejas Batizadas”. Oponentes iniciais dos batistas frequentemente os chamavam de anabatistas ou outros nomes menos apropriados, o que era também por eles rejeitado. Na confissão de fé de Londres de 1644, por exemplo, o grupo de igrejas que a assinam se identifica como “os cristãos comumente (embora falsamente) chamados Anabatistas”. O nome “batistas”, assim como acontecera anteriormente com o nome “puritanos”, dado por pessoas exteriores ao movimento com propósitos pejorativos, acabou prevalecendo.
Historicamente falando, o modo batista de ser igreja não nasceu pronto, acabado, mas suas doutrinas e práticas foram sendo incorporadas como conquistas ao longo do tempo, muitas vezes de forma difícil, no enfrentamento de oposições e perseguições. É preciso conhecer nossa história, para valorizarmos nossas conquistas e lutarmos pela preservação da fé cristã como vivida pelos batistas.
A música era outra prática que não fazia parte do culto batista no início, mas houve um pioneiro e um momento em que o louvor musical foi introduzido no culto; é o assunto do próximo fascículo.

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ÍNDICE DOS FASCÍCULOS

Introdução 1)    16 séculos de Igreja Cristã 2)    Anglicanismo: a Igreja do Rei 3)    Puritanos, Separatistas, Batistas 4)    A “C...