“... pareceu bem ao
Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além dessas coisas
essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do
sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas
coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde.” (Atos 15.28-29)
Tal como no passado,
quando a Igreja Primitiva se reuniu em Jerusalém para debater problemas
surgidos com o crescimento do evangelho entre os gentios, conforme se lê em
Atos 15, quando orientações gerais foram divulgadas entre as igrejas para
uniformidade de atitudes sem interferência nas congregações locais, também os
batistas têm mantido trabalhos associacionais ao longo dos quatro séculos de
existência, começando na Inglaterra. Colaboração e espaço para discussão de
ideias visando a uma maior uniformidade sempre foram ações aceitas no meio
batista, respeitando-se sempre a autonomia da igreja local. “Unidade na
diversidade” parece ser um rumo sempre buscado ao longo da história batista,
embora de difícil manutenção.
Historicamente, a
organização da denominação batista partiu da noção do que seria uma igreja
local, dando-lhe uma autonomia e liberdade de gestão que geralmente não se
encontram na maioria das denominações e grupos cristãos. Não aceitam os
batistas um governo central, que interfira nas decisões locais das igrejas, que
são autônomas. No entanto, a estrutura batista de associações para organização
e cooperação das igrejas existe desde as origens batistas do século XVII, tendo
sido desenvolvida gradualmente com a passagem do tempo, com o nome de convenção,
associação, união ou qualquer outro, permanecendo este fato como uma parte
vital da estrutura denominacional até hoje.
Entre 1624 e 1630,
várias igrejas batistas gerais em Londres atuaram juntas na discussão de
doutrinas e na correspondência com outros crentes. Cada ramo dos batistas
ingleses chamava sua organização nacional de Assembléia Geral. Composta de
representantes das várias igrejas e associações, essas Assembléias Gerais
geralmente se reuniam em Londres. Os batistas gerais foram os primeiros no
desenvolvimento dessa organização nacional, em meados do século XVII, fato que
corresponderia hoje a uma convenção nacional. Os batistas gerais, de início,
consideravam uma reunião da Assembléia Geral como se fosse uma reunião da
“Igreja Batista Geral”, com plena autoridade para agir com ações eclesiásticas,
mas os particulares nunca permitiram a uma associação ou a sua Assembléia Geral
se tornar “a Igreja” ou a promover ações eclesiásticas, procurando proteger a
liberdade da igreja local e impedir a denominação de interferir em seus
negócios.
Os registros
históricos da Inglaterra mostram que a União Batista (Baptist
Union), nome dado hoje à convenção que reúne as igrejas batistas na Grã
Bretanha, foi formada em 1832, mas somente em 1891 a organização conseguiu
agregar Batistas Gerais e Batistas Particulares. A União tem treze associações
regionais distribuídas no país, cada qual com administração local e suporte
ministerial para as igrejas, procurando atender as suas necessidades. As
lideranças regionais se reúnem durante o ano, buscando ajudar transições
pastorais nas igrejas e acompanhamento dos formandos nos seminários teológicos.
Dentro do assunto
“História Batista”, o site oficial da União informa que “o
moderno movimento batista nasceu no século XVI e é hoje uma denominação ao
redor do mundo, com milhões de crentes adorando em congregações batistas”.
Destaca ainda o endereço virtual várias datas históricas em ordem cronológica,
entre as quais temos:
ü 1612 – A primeira igreja batista em Spitalfields, Londres
ü 1689 – Ato de Tolerância do governo inglês, permitindo liberdade de
culto
ü 1792 – Fundação da Sociedade Missionária Batista por William Carey, hoje
conhecida como BMS World Mission (assunto a ser ainda abordado)
ü 1812 – Encontro de um grupo batista na residência do Dr. Rippon, em
Londres, para discutir a formação de uma União Batista
ü 1813 – Realização da 1ª Assembléia
Batista em Londres
ü 1832 – União Batista definitivamente estabelecida
ü 1837 – Reverendo George Cousens, o primeiro ministro batista indiano
registrado, assumindo um pastorado na Bretanha, tornando-se pastor da Igreja
Batista Quatro Caminhos (Four Ways Baptist Church), em Cradley Heath,
Staffordshire
ü 1854 – Começo do ministério de Spurgeon, um dos mais famosos pregadores
batistas
ü 1855 – Aparecimento, pela primeira vez, da publicação “O Homem Livre”
(The Freeman), hoje chamado de “Os Tempos Batistas”
ü 1891 – União de Batistas Gerais e Particulares, formando a atual União
Batista da Grã Bretanha
ü 1905 – Formação da Aliança Batista Mundial e realização de seu primeiro
congresso em Londres (assunto que será tema de fascículo no final da série).
Até aqui, partindo da
igreja de Atos dos Apóstolos, acompanhamos a origem histórica dos batistas na
Inglaterra. A partir da abertura de oportunidade para a colonização do Novo
Mundo, surgiu entre os dissidentes da Igreja Anglicana, inclusive os batistas,
um anseio de liberdade e de conquista de novos espaços e opções para a vida,
tanto material como eclesiástica. Começando com o Mayflower, milhares de
colonos vieram para a América, na implantação dos atuais Estados Unidos. A
partir do próximo fascículo, começaremos a acompanhar as origens batistas nos
Estados Unidos da América, pois foi através deles que a igreja chegou até nós,
no Brasil.Será que havia algum relacionamento entre os peregrinos do Mayflower
e os batistas? É o assunto do próximo segmento.
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