“… sereis minhas testemunhas,
tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da
terra.” Atos
1.8b
Onde ficavam os “confins da terra” mencionados por Jesus antes
de voltar aos céus? Com certeza, a América estava incluída neste conceito, pois
não era nem conhecida nos tempos do Império Romano. No início do século XVII, a
profecia de Cristo, de certa forma, se concretizou, surgindo assim a primeira
igreja batista norte-americana.
“A
Primeira Igreja Batista na América tem estado presente em College Hill, centro
de Providence, desde 1638, compartilhando as boas novas com entusiasmo,
centralizada em Cristo, na pregação bíblica, e ministérios de cuidado dinâmico,
defendendo o relacionamento separado e complementar entre igreja e estado e a
vitalidade do louvor tradicional. O que Roger Williams estabeleceu ainda vale a
pena ser mantido.” 75 North Main Street – Providence, Rhode Island – USA
Este
texto foi extraído do site da 1ª Igreja Batista de Providence,
no Estado de Rhode Island, nos Estados Unidos, considerada por muitos
historiadores como a primeira igreja batista na América. “O que Roger
Williams estabeleceu ainda vale a pena ser mantido”, afirma o texto,
ligando sua origem diretamente ao pioneiro batista.
Quem
foi Roger Williams? Nascido em lar anglicano em Londres, por volta de
1603, Williams teve, aos 12 anos, uma experiência de conversão. Estudou
emCharterhouse e no Pembroke College, Cambridge. Parecia ter o dom
para aprendizagem de línguas, tendo estudado latim, hebraico, grego,
holandês e francês. Chegou inclusive a dar aulas particulares de holandês ao
grande poeta inglês John Milton, seu contemporâneo, recebendo em troca
aulas de hebraico. Embora ordenado no ministério da Igreja da Inglaterra,
Williams havia se tornado puritano em Cambridge, não buscando seguir sua
carreira como ministro anglicano. No dia 15 de dezembro de 1629, casou-se com
Mary Barnard (1609-1676), ainda na Inglaterra, tendo tido o casal seis filhos,
com os nomes de Mary, Freeborn, Providence, Mercy, Daniel e Joseph, todos
nascidos na América.
Fugindo
da perseguição religiosa promovida pelo bispo anglicano William Laud, o
casal chegou a Boston em 1631, onde Williams contrariou a igreja
anglicana local, ao declinar o convite para assumir cargo como ministro da
igreja e professor assistente, com base em seus princípios de restrição às
ideias de igreja oficial, além da defesa da liberdade religiosa e da separação
entre igreja e estado. Williams argumentava que Deus não havia dado uma
aprovação divina à colônia puritana. Na sua visão, as autoridades civis de
Massachusetts não tinham poder para se envolverem em assuntos de fé. A
verdadeira igreja, de acordo com Williams, era uma associação voluntária dos
eleitos de Deus. No final do verão de 1631, Williams mudou-se para a
colônia de Plymouth, mas logo suas idéias acabaram por trazer-lhe
problemas de relacionamento, fato que acabou por conduzi-lo a Salém. A defesa
do direito de posse das terras por parte dos índios, além de suas idéias com
relação à coroa e à igreja inglesa levaram-no a deixar Salém em janeiro de
1636, após muitos conflitos com as autoridades da capital da colônia. Ele fugiu
no inverno rigoroso da região para a baía de Narragansett, onde foi recebido
por índios da tribo Wampanoags e levado ao acampamento de inverno do chefe
Massasoit.
A
partir daí, Williams estabeleceu uma povoação com doze amigos próximos,
à qual chamou de "Providence", porque sentiu que a Providência
Divina o tinha conduzido até ali. Providence foi também o nome de sua
terceira filha, a primeira a nascer no povoado. Williams havia fundado o
primeiro lugar na história moderna onde cidadania e religião seriam coisas
diferentes, um lugar com liberdade religiosa e separação entre igreja e estado.
Williams, juntamente com John Clarke, conseguiu junto à corte inglesa a carta
de autorização real para a legalidade da colônia de Rhode Island, bem como teve
atuação política no lugar, chegando à presidência da colônia.
Anos
após o estabelecimento de Providence, um grupo de cidadãos decidiu que deveriam
iniciar uma igreja. Segundo alguns historiadores, um integrante do grupo,
Ezekiel Hollyman, batizou Roger Williams e foi batizado por ele, além de dez
outras pessoas. Os doze homens então batizados foram os membros fundadores da
Primeira Igreja Batista de Providence, Rhode Island, a primeira na América.
Roger Williams foi seu primeiro pastor. O site oficial da
igreja informa sobre o episódio histórico o seguinte:
“Williams
logo reuniu os fieis em cultos regulares em sua casa, mantendo as reuniões
varias vezes por semana. Depois de cerca de dois anos, essa pequena congregação
se tornou a primeira igreja batista no Novo Mundo. Williams concluiu que o
batismo do crente era o único conceito válido de batismo. Desde que ele e toda
a sua congregação tinham sido batizados quando crianças, no final de 1638, ele
se batizou a si mesmo e então batizou seu rebanho.”
Roger
Williams, no entanto, deixou a congregação antes da conclusão do primeiro ano
de sua organização, permanecendo os seus restantes quarenta e cinco anos de
vida na busca da igreja ideal. Após mencionar seu afastamento da liderança da
igreja, comenta ainda o site oficial: “… mas ele nutria a
crença até o fim de sua longa vida (1683) de que a igreja que ele havia
plantado era baseada na Escritura. Ele permaneceu firme em sua defesa da
liberdade religiosa, e sua influência fez com que Rhode Island se tornasse em
um refúgio inigualável de liberdade religiosa no século XVII.”
Informa-nos
ainda a fonte consultada que a igreja continuou sob a liderança de anciãos de
1639 até 1771, permanecendo sem templo até 1700. Naquele ano, o pastor Pardon
Tillinghast erigiu uma pequena construção num terreno de sua propriedade a Rua
North Main Street. Logo as instalações se tornaram inadequadas e uma segunda
casa de reuniões foi construída, no terreno ao lado, tendo o dobro da
capacidade da anterior. Providence continuou a crescer durante o século XVIII e
o Grande Avivamento aumentou o número de batistas por toda a Nova Inglaterra.
Finalmente, foi construído o atual templo, sob a liderança de James Manning,
terminado em 1774. A galeria, projetada para uso dos escravos, tem hoje outra
finalidade, os velhos bancos foram substituídos por assentos modernos e o
púlpito elevado desapareceu. Mas a igreja ainda preserva muitos aspectos
daquela primeira congregação que a ocupou em 1775.
Embora
alguns relutem em aceitar, as evidências históricas parecem indicar ter sido
esta a origem dos batistas nos Estados Unidos da América. Dada a sua
importância, Roger Williams ainda será abordado no próximo fascículo, para que
se entenda melhor o que aconteceu naqueles primórdios da história batista
norte-americana, com as ideias e as atitudes do pioneiro.
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