26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL

26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL
As duas vias

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

21 - OS BATISTAS E A LIBERDADE RELIGIOSA

“Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres.” (João 8:36)

É necessário termos em mente a grande importância para a Igreja Cristã do ambiente oferecido pelo Novo Mundo no que se refere à liberdade religiosa. Olhando-se principalmente para a América do Norte e em especial para a formação dos Estados Unidos, vamos notar que, com o advento do início da colonização americana nas diferentes colônias inglesas, os colonizadores foram encontrando no novo continente ambiente e condições para o desenvolvimento de suas vidas no aspecto humano, bem como no relacionamento espiritual das comunidades eclesiásticas, e de uma forma totalmente diferente e muito mais livre do que tinham na Europa, principalmente na Inglaterra.
No início, no entanto, não houve grande consciência disso nem grandes mudanças na mentalidade reinante, mas, à medida que a colonização progredia, a idéia da liberdade religiosa foi-se impondo aos poucos, até tomar forma legal na constituição americana. Conforme afirma o historiador Walker, a con­quista da liberdade religiosa “foi um passo revolucionário, pois representou um distanciamento radical dos princípios de uniformidade e oficialização que haviam marcado a civilização ocidental por mais de mil anos”.
Na Europa, convivia-se com a idéia da tolerância religiosa, principalmente na Holanda e na Inglaterra, sendo a aceitação da liberdade religiosa como princípio nacional uma visão totalmente inovadora e historicamente inviável, diferentemente da situação vivida no Novo Mundo. Vários foram os fatores que contribuíram para o desenvolvimento da liberdade religiosa na América do Norte, como:
ü  a multiplicidade de organizações religiosas, fato que impediu que qualquer delas tives­se o apoio da maioria da população;
ü  a extensão do oceano, fator que dificultava a influência direta das igrejas estatais européias;
ü  a imensidão do continente americano, um obstáculo para a manutenção de igrejas oficiais;
ü  a pouca ênfase dada às diferenças religiosas, motivada pelo desejo de prosperidade econômica nas colônias, onde os trabalhadores eram escassos.
Além desses fatores, a presença de grupos religiosos que tinham a liberdade religiosa como princípio de fé e conduta foi muito importante.
Sobre este assunto, afirmou Walker:

A oficialização da religião que por catorze séculos marcara a cristandade foi abandonada a nível nacional, com profundas consequências para a vida religiosa não apenas na nação recém-independente, mas para bem além dela, uma vez que esse ‘experimento vivo’ era atentamente observado”.

Já que os puritanos peregrinos tinham fugido para a América para escaparem de perseguição religiosa, poderia parecer que eles seriam mais tolerantes entre si e com os demais, mas não aconteceu assim, pois no início não havia tolerância religiosa para com os dissidentes, muito menos liberdade. Massachusetts teve como religião oficial a Igreja Congregacional, no período que durou de 1629 até 1833.
Rhode Island foi a primeira das treze colônias a ter leis democráticas e liberdade religiosa, datando os primeiros documentos legais de março de 1641.Virginia talvez tenha sido o mais difícil campo de batalha para o assunto, pois a colônia, fundada por membros da Igreja da Inglaterra, não tolerava outras formas de cristianismo em sua jurisdição, tal como acontecia nas Ilhas Britânicas. Desde 1606, suas leis previam que as autoridades deveriam providenciar para que os cultos religiosos fossem feitos de acordo com os costumes anglicanos. Pesadas punições eram previstas para os infratores e mesmo para aqueles que não comparecessem aos cultos da igreja oficial. Difícil foi o caminho dos batistas naquela colônia.
Já na época da independência, declarações encontradas em obras deThomas Jefferson e de George Washington atestavam a importância da luta batista pela liberdade religiosa. Consultado pelos batistas sobre a liberdade de religião e de consciência, assim se manifestou Thomas Jefferson:

“Revendo a história dos tempos pelos quais passamos, nenhum momento proporciona maior satisfação do que aquele que mostra os esforços dos amigos da liberdade religiosa, com a qual foram coroados. Temos visto, por julgamento justo, a grande e interessante experiência que mostra que a liberdade de religião é compatível com ordem no governo e obediência às leis. E temos experimentado a quietude e o conforto que resultam quando se permite a alguém professar livre e abertamente aqueles princípios de religião que são ditados pela sua própria razão”

George Washington, o primeiro presidente norte-americano, assim respondeu a uma consulta da liderança batista:

Tenho frequentemente expressado meus sentimentos de que cada homem, conduzindo-se como um bom cidadão e reportando-se somente a Deus pelas suas convicções religiosas, deveria ser protegido na adoração da Divindade de acordo com o que dita a sua consciência. Enquanto isso, reconheço com satisfação que a sociedade religiosa da qual sois membros tem-se constituído, através da América, uniforme e quase unanimemente, em amigos seguros da liberdade civil e persistentes promotores  de nossa gloriosa revolução, além de fiel apoio de um governo  geral livre e eficiente.”

John Clarke, John Crandall, Obadiah Holmes, Isaac Backus e outros foram líderes batistas nesta batalha pela liberdade religiosa e pela não-existência de igreja oficial nos Estados Unidos. A última batalha sobre o assunto somente foi vencida em 1789, quando a Primeira Emenda à Constituição foi ratificada. Patrick Henry favorecia o estabelecimento de quatro igrejas ou denominações como oficiais no novo governo: os episcopais, os presbiterianos, os metodistas e os batistas. Somente os batistas se opuseram à proposta, oposição essa que acabou sendo vitoriosa.
É importante que tenhamos hoje conhecimento dessas verdades e que continuemos a defendê-las, bem como todas as demais conquistas doutrinárias que a história tem-nos mostrado como resultado de muita luta e sofrimento.

A perda do primeiro amor no evangelho tem sido constante na história da igreja, com alternâncias entre gerações profundamente voltadas para uma comunhão com Deus com outras gerações de pessoas de religiosidade acomodada, apenas preocupada com a manutenção dos resultados. Assim sendo, despertamentos, reavivamentos e outros movimentos semelhantes têm ocorrido, buscando levar o povo de Deus a uma volta ao fervor perdido. A ocorrência do Grande Avivamento nos Estados Unidos e na Europa é o assunto do próximo fascículo. 

Um comentário:

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ÍNDICE DOS FASCÍCULOS

Introdução 1)    16 séculos de Igreja Cristã 2)    Anglicanismo: a Igreja do Rei 3)    Puritanos, Separatistas, Batistas 4)    A “C...