“Portanto,
vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes
ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. (Mateus 28:19-20)
O Artigo XI do
texto “Fé e Mensagem Batistas”, publicação da Convenção Batista do Sul dos
Estados Unidos (CBS), afirma sob o título “Evangelismo e Missões”:
“É
dever e privilégio de todo seguidor de Cristo e de cada igreja do Senhor Jesus
Cristo esforçar-se para fazer discípulos de todas as nações. O novo nascimento
do espírito do homem pelo Espírito Santo de Deus significa o nascimento do amor
pelos outros. O esforço missionário da parte de todos apoia-se em uma
necessidade individual da vida regenerada e é expressa e repetidamente ordenada
nos ensinos de Cristo. O Senhor Jesus Cristo ordenou a pregação do evangelho a
todas as nações.”
Obedecendo a
essa ordem do Senhor Jesus Cristo, a CBS dos Estados Unidos enviou seus
missionários ao Brasil, conforme já estudado. Antes, porém, precisamos realçar
a atuação de Alexandre Travis Hawthorne, um advogado bem-sucedido que havia se
alistado no exército sulista durante a guerra. No dia 31/08/1867 deve ter
ocorrido sua chegada ao Brasil, antes da grande imigração para Santa
Bárbara. Tendo saído da guerra com a patente de general, Hawthorne veio
para cá recomeçar a vida, sendo aqui muito bem recebido, estabelecendo-se no
sul da Bahia. Após algum tempo no Brasil, com a mudança da situação política em
sua terra, ele voltou aos Estados Unidos, mas lá enfrentou um drama pessoal,
com a morte de sua única filha, fato que o levou a voltar-se para Deus,
convertendo-se e tornando-se um pregador. Recordando a maneira como tinha sido
tratado no Brasil, Hawthorne tornou-se propagandista do envio de missionários à
nossa terra, tendo-se tornado membro de uma comissão destinada a opinar sobre a
abertura de trabalho missionário no Brasil. Na Assembléia da Convenção Batista
do Sul, em Lexington, no ano de 1880, Hawthorne apresentou como relator um
parecer, do qual foi extraído o seguinte trecho:
"A
evangelização desse maravilhoso país é obra de vasta magnitude, O império do
Brasil é tão grande como os Estados Unidos e todos os seus territórios,
excluindo o Alasca, tem uma população de cerca de dez milhões. Vasta como
pareça a obra, é ainda possível realizá-la, e oferece muitas oportunidades e
facilidades. A vossa comissão está plenamente persuadida de que a obra, embora
grande, pode ser feita e é encantadora. Segundo nossa opinião, não há outro
país ao alcance dos trabalhos missionários que seja mais convidativo ou que
ofereça resultados maiores e mais prontos, com igual dispêndio de dinheiro e
esforço. São numerosas e facilmente identificáveis as vantagens que esse campo
oferece e também as razões que devem estimular nosso coração a abrir nosso
bolso a esse serviço."
Fez mais o
general Hawthorne: contatou pessoalmente Anne Luther Bagby, convencendo-a de
que o Brasil era um campo necessitado, a tal ponto que ela, decidida pelo
Brasil, diz em um dos seus textos: "Eu estou disposta a ir sozinha e
esperar por uma decisão do noivo". Babgy também foi procurado
pelo general, tendo constatado que o missionário, desde sua infância, estava
interessando no Brasil, esperando vir a conhecer a cidade do Rio de Janeiro e o
Rio Amazonas. Zachary Clay Taylor, amigo e colega de pastorado de Bagby, também
desejava ser missionário no Brasil; em suma, Deus já havia preparado o ambiente
para as ações do general. Assim sendo, Anne e Babgy apresentaram à Junta de
Richmond seu desejo de virem trabalhar como missionários no Brasil.
As ações se precipitaram: o casal se uniu em outubro de 1880, foram convocados pela
Junta em dezembro e embarcaram para o Brasil em janeiro de 1881, com destino ao
Rio de Janeiro; chegaram quarenta dias após, em 2 de março de 1881. Zachary
Clay Taylor e Kate Stevens também, após vários eventos ocorridos, tiveram suas
vidas direcionadas para virem ao Brasil: casaram-se em dezembro de 1881, em
cerimônia oficiada por Hawthorne; foram nomeados pela Junta de Richmond em
janeiro de 1882; embarcaram para o Brasil no mesmo mês, aqui chegando em março
de 1882.
No Brasil, os dois casais estiveram em Santa Bárbara para contato com os
batistas norte-americanos que lá residiam, tendo solicitado suas cartas para a
primeira igreja organizada. Em Campinas, a pouco mais de cinquenta quilômetros
de distância, os presbiterianos haviam fundado um colégio e os Bagby e os
Taylors se mudaram para lá, para poderem estudar e conhecer a língua
portuguesa. Juntos em Campinas para o aprendizado do português, os dois casais,
Bagby e Taylor, auxiliados ainda pelo ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque,
procuravam descobrir que cidade brasileira seria a indicada para fundação da
primeira igreja batista nacional; pensavam em uma grande cidade, onde os
evangélicos não houvessem ainda chegado ou tivessem desenvolvido pouco
trabalho. Como a história registra, Salvador, a segunda cidade do Brasil em
população (na época com cerca de 250 mil habitantes), foi a escolhida.
Informa-nos Reis Pereira que, num relatório enviado à Junta de Richmond, Bagby
expôs as razões por que Salvador foi escolhida:
“Era uma
cidade bastante populosa. Era também bastante povoada a região que cercava a
cidade. Era ligada por mar com outros pontos importantes e também ligada a
cidades e vilas do interior pela baía, pelos rios e por duas linhas de estrada
de ferro. Era um campo quase desocupado: enquanto no Rio havia seis ou oito
missionários de outras Denominações evangélicas, na Bahia havia apenas dois
presbiterianos. Além disso, aparentemente não havia qualquer obreiro nacional
na Província da Bahia, enquanto no Rio de Janeiro e em S. Paulo havia, além de
missionários, bom número de obreiros nacionais”.
No dia 31 de
agosto de 1882, doze pessoas chegaram a Salvador: os três casais, além de
Ermine (filha de Bagby), quatro filhos de Teixeira e uma empregada. Uma casa
pequena foi alugada, “onde as três famílias se instalaram, cada uma num
quarto, sendo de uso comum a cozinha, a sala de jantar e a sala de visitas”.
Três meses depois, foram para uma casa mais adequada, um antigo Colégio de
Jesuítas situado na rua Maciel de Baixo, tendo ocupado o quarto andar da
construção, lugar espaçoso para as três famílias, dispondo de um salão com
capacidade para 200 pessoas sentadas, além de duas outras salas que serviriam
para livraria e escola. Assim alojados e conseguidos os bancos para receber os
visitantes, os cultos começaram.
Assim, foi organizada a 1ª Igreja Batista brasileira no dia 15 de outubro de
1882, com cinco membros fundadores: o casal Bagby, o casal Taylor e o ex-padre
Teixeira de Albuquerque. Senhorinha Teixeira, esposa de Albuquerque, na época
ainda estava ligada à igreja metodista, tendo sido batizada e aceita com membro
da igreja apenas em junho de 1883. “Centelha” traz cópia da “Acta
Primeira da Secção de Installação da Primeira Igreja Baptista na Cidade da Bahia”,
reunida em um lugar chamado Canella, às 10 horas da manhã, assinada por “membros
da Igreja Baptista de Santa Bárbara”, ata essa da sessão secretariada por
Antônio Teixeira de Albuquerque.
E após o início, o que aconteceu? É o assunto do próximo segmento.
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