26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL

26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL
As duas vias

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

27 - A "VIA DA MISSÃO"

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. (Mateus 28:19-20)

O Artigo XI do texto “Fé e Mensagem Batistas”, publicação da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos (CBS), afirma sob o título “Evangelismo e Missões”:

“É dever e privilégio de todo seguidor de Cristo e de cada igreja do Senhor Jesus Cristo esforçar-se para fazer discípulos de todas as nações. O novo nascimento do espírito do homem pelo Espírito Santo de Deus significa o nascimento do amor pelos outros. O esforço missionário da parte de todos apoia-se em uma necessidade individual da vida regenerada e é expressa e repetidamente ordenada nos ensinos de Cristo. O Senhor Jesus Cristo ordenou a pregação do evangelho a todas as nações.”

Obedecendo a essa ordem do Senhor Jesus Cristo, a CBS dos Estados Unidos enviou seus missionários ao Brasil, conforme já estudado. Antes, porém, precisamos realçar a atuação de Alexandre Travis Hawthorne, um advogado bem-sucedido que havia se alistado no exército sulista durante a guerra. No dia 31/08/1867 deve ter ocorrido sua chegada ao Brasil, antes da grande imigração para Santa Bárbara.  Tendo saído da guerra com a patente de general, Hawthorne veio para cá recomeçar a vida, sendo aqui muito bem recebido, estabelecendo-se no sul da Bahia. Após algum tempo no Brasil, com a mudança da situação política em sua terra, ele voltou aos Estados Unidos, mas lá enfrentou um drama pessoal, com a morte de sua única filha, fato que o levou a voltar-se para Deus, convertendo-se e tornando-se um pregador. Recordando a maneira como tinha sido tratado no Brasil, Hawthorne tornou-se propagandista do envio de missionários à nossa terra, tendo-se tornado membro de uma comissão destinada a opinar sobre a abertura de trabalho missionário no Brasil. Na Assembléia da Convenção Batista do Sul, em Lexington, no ano de 1880, Hawthorne apresentou como relator um parecer, do qual foi extraído o seguinte trecho:

            "A evangelização desse maravilhoso país é obra de vasta magnitude, O império do Brasil é tão grande como os Estados Unidos e todos os seus territórios, excluindo o Alasca, tem uma população de cerca de dez milhões. Vasta como pareça a obra, é ainda possível realizá-la, e oferece muitas oportunidades e facilidades. A vossa comissão está plenamente persuadida de que a obra, embora grande, pode ser feita e é encantadora. Segundo nossa opinião, não há outro país ao alcance dos trabalhos missionários que seja mais convidativo ou que ofereça resultados maiores e mais prontos, com igual dispêndio de dinheiro e esforço. São numerosas e facilmente identificáveis as vantagens que esse campo oferece e também as razões que devem estimular nosso coração a abrir nosso bolso a esse serviço." 
           
Fez mais o general Hawthorne: contatou pessoalmente Anne Luther Bagby, convencendo-a de que o Brasil era um campo necessitado, a tal ponto que ela, decidida pelo Brasil, diz em um dos seus textos: "Eu estou disposta a ir sozinha e esperar por uma decisão do noivo". Babgy também foi procurado pelo general, tendo constatado que o missionário, desde sua infância, estava interessando no Brasil, esperando vir a conhecer a cidade do Rio de Janeiro e o Rio Amazonas. Zachary Clay Taylor, amigo e colega de pastorado de Bagby, também desejava ser missionário no Brasil; em suma, Deus já havia preparado o ambiente para as ações do general. Assim sendo, Anne e Babgy apresentaram à Junta de Richmond seu desejo de virem trabalhar como missionários no Brasil.
            As ações se precipitaram: o casal se uniu em outubro de 1880, foram convocados pela Junta em dezembro e embarcaram para o Brasil em janeiro de 1881, com destino ao Rio de Janeiro; chegaram quarenta dias após, em 2 de março de 1881. Zachary Clay Taylor e Kate Stevens também, após vários eventos ocorridos, tiveram suas vidas direcionadas para virem ao Brasil: casaram-se em dezembro de 1881, em cerimônia oficiada por Hawthorne; foram nomeados pela Junta de Richmond em janeiro de 1882; embarcaram para o Brasil no mesmo mês, aqui chegando em março de 1882.
            No Brasil, os dois casais estiveram em Santa Bárbara para contato com os batistas norte-americanos que lá residiam, tendo solicitado suas cartas para a primeira igreja organizada. Em Campinas, a pouco mais de cinquenta quilômetros de distância, os presbiterianos haviam fundado um colégio e os Bagby e os Taylors se mudaram para lá, para poderem estudar e conhecer a língua portuguesa. Juntos em Campinas para o aprendizado do português, os dois casais, Bagby e Taylor, auxiliados ainda pelo ex-padre Antônio Teixeira de Albuquerque, procuravam descobrir que cidade brasileira seria a indicada para fundação da primeira igreja batista nacional; pensavam em uma grande cidade, onde os evangélicos não houvessem ainda chegado ou tivessem desenvolvido pouco trabalho. Como a história registra, Salvador, a segunda cidade do Brasil em população (na época com cerca de 250 mil habitantes), foi a escolhida. Informa-nos Reis Pereira que, num relatório enviado à Junta de Richmond, Bagby expôs as razões por que Salvador foi escolhida:

“Era uma cidade bastante populosa. Era também bastante povoada a região que cercava a cidade. Era ligada por mar com outros pontos importantes e também ligada a cidades e vilas do interior pela baía, pelos rios e por duas linhas de estrada de ferro. Era um campo quase desocupado: enquanto no Rio havia seis ou oito missionários de outras Denominações evangélicas, na Bahia havia apenas dois presbiterianos. Além disso, aparen­temente não havia qualquer obreiro nacional na Província da Bahia, enquanto no Rio de Janeiro e em S. Paulo havia, além de missionários, bom número de obreiros nacionais”.
           
No dia 31 de agosto de 1882, doze pessoas chegaram a Salvador: os três casais, além de Ermine (filha de Bagby), quatro filhos de Teixeira e uma empregada. Uma casa pequena foi alugada, “onde as três famílias se instalaram, cada uma num quarto, sendo de uso comum a cozinha, a sala de jantar e a sala de visitas”. Três meses depois, foram para uma casa mais adequada, um antigo Colégio de Jesuítas situado na rua Maciel de Baixo, tendo ocupado o quarto andar da construção, lugar espaçoso para as três famílias, dispondo de um salão com capacidade para 200 pessoas sentadas, além de duas outras salas que serviriam para livraria e escola. Assim alojados e conseguidos os bancos para receber os visitantes, os cultos começaram.
            Assim, foi organizada a 1ª Igreja Batista brasileira no dia 15 de outubro de 1882, com cinco membros fundadores: o casal Bagby, o casal Taylor e o ex-padre Teixeira de Albuquerque. Senhorinha Teixeira, esposa de Albuquerque, na época ainda estava ligada à igreja metodista, tendo sido batizada e aceita com membro da igreja apenas em junho de 1883. “Centelha” traz cópia da “Acta Primeira da Secção de Installação da Primeira Igreja Baptista na Cidade da Bahia”, reunida em um lugar chamado Canella, às 10 horas da manhã, assinada por “membros da Igreja Baptista de Santa Bárbara”, ata essa da sessão secretariada por Antônio Teixeira de Albuquerque. 
            E após o início, o que aconteceu? É o assunto do próximo segmento.

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ÍNDICE DOS FASCÍCULOS

Introdução 1)    16 séculos de Igreja Cristã 2)    Anglicanismo: a Igreja do Rei 3)    Puritanos, Separatistas, Batistas 4)    A “C...