“Verdadeiramente ele
tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós
o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por
causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados.” (Isaías 53:4-5)
Nos primeiros anos do
trabalho batista no Brasil, a expansão inicial dependeu quase que
exclusivamente dos missionários estrangeiros, principalmente aqueles que foram
enviados inicialmente pela Junta de Richmond, órgão responsável por missões na
Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos. Reis Pereira dedica todo um
capítulo à biografia de seis grandes missionários, iniciando com os dois
iniciais já mencionados, William Buck Bagby (que passou 58 anos de sua vida em
trabalho no Brasil) e Zachary Clay Taylor (que entre nós trabalhou por 27
anos). Ainda ligados a Richmond, existe a menção de W. E. Entzminger e J. J.
Taylor. Dois outros nomes citados não são de missionários norte-americanos.
O sueco Eurico A.
Nelson, cujo nome original era Erik, fugiu com sua família da Suécia para os
Estados Unidos para escaparem de perseguição da igreja oficial do país, a
luterana, após a família ter-se tornado batista. Após vida jovem cheia de
aventuras nos Estados Unidos, tendo casado com uma moça também de descendência
sueca, Nelson sentiu vocação missionária e veio para o Brasil, mesmo sem envio
oficial da igreja norte-americana, acabando por tornar-se o grande “Apóstolo da
Amazônia”, região onde passou grande parte do seu ministério missionário. Foi o
fundador, entre outras, da 1ª Igreja Batista de Belém e da de Manaus, ainda no
século XIX.
O outro nome citado
pelo historiador do centenário foi o de Salomão Luiz Ginsburg, o “Judeu
Errante”. Nascido em uma família israelita que morava na Polônia, viveu em
vários lugares, até chegar à Inglaterra. Sua curiosidade foi despertada para o
entendimento de Isaías 53, capítulo no qual o profeta fala da vinda do “servo
sofredor”, profecia messiânica que se inicia com as seguintes palavras:
“Quem deu crédito à
nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor? Porque foi subindo
como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem
formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o
desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de
dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o
rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.” (Isaías
53:1-3).
A pregação de um
pastor que discorreu sobre o texto foi seu primeiro contato com o evangelho, ao
qual se converteu posteriormente, fato que lhe rendeu humilhações e
perseguições por parte da família e de outros judeus residentes em Londres.
Após apoio recebido por irmãos cristãos de várias denominações, acabou por vir
ao Brasil já consagrado como ministro do evangelho na Inglaterra, numa
cerimônia da qual participaram pastores de várias igrejas, inclusive o batista
Hudson Taylor. O convite para vir para o nosso país partiu de Sara, esposa de
Robert Kalley, os organizadores da primeira congregação evangélica em
território nacional, a Igreja Congregacional, conforme já mencionado
anteriormente. Seu envolvimento com os batistas tornando-se um deles está
ligado à nossa história e vai ser abordado com mais detalhes no fascículo
dedicado ao “Cantor Cristão”.
Após a biografia nos
nossos seis bravos pioneiros, Reis Pereira aponta dez aspectos relevantes da
influência do seu trabalho no nosso início batista:
ü Amor à evangelização
ü Piedade pessoal de cada um
ü Amor pela Bíblia
ü Valor dado por eles para a imprensa na divulgação das ideias
ü Importância da música
ü Preocupação com o preparo de obreiros nacionais
ü Preocupação com a educação secular
ü Investimento na correção de vida dos novos convertidos
ü Disciplina “eclesiástica”
ü Firmeza na ortodoxia e na doutrina dos pioneiros.
Conforme palavras do
historiador, “foram, realmente, heróis da fé que deixaram para os
batistas brasileiros precioso legado”.
O trabalho batista no
Brasl dependeu realmente da vinda e do empenho de um grande número de
missionários, principalmente na sua fase inicial, quando não contávamos ainda
com instituições e obreiros nacionais vocacionados e preparados para a obra,
coisa que foi acontecendo aos poucos. Registramos aqui neste fascículo apenas
os nomes e a contribuição de alguns, sem condições de ampliação do assunto,
dada a limitação de espaço e o objetivo concentrador de conteúdos desta obra.
Entre os missionários
e pioneiros da obra batista no Brasil, destaca-se o nome de Antônio Teixeira de
Albuquerque, o primeiro pastor brasileiro consagrado para a obra no nosso país.
Este é o assunto do próximo segmento.
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