26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL

26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL
As duas vias

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

28 - MISSÕES E MISSIONÁRIOS

“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Isaías 53:4-5)

Nos primeiros anos do trabalho batista no Brasil, a expansão inicial dependeu quase que exclusivamente dos missionários estrangeiros, principalmente aqueles que foram enviados inicialmente pela Junta de Richmond, órgão responsável por missões na Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos. Reis Pereira dedica todo um capítulo à biografia de seis grandes missionários, iniciando com os dois iniciais já mencionados, William Buck Bagby (que passou 58 anos de sua vida em trabalho no Brasil) e Zachary Clay Taylor (que entre nós trabalhou por 27 anos). Ainda ligados a Richmond, existe a menção de W. E. Entzminger e J. J. Taylor. Dois outros nomes citados não são de missionários norte-americanos.
O sueco Eurico A. Nelson, cujo nome original era Erik, fugiu com sua família da Suécia para os Estados Unidos para escaparem de perseguição da igreja oficial do país, a luterana, após a família ter-se tornado batista. Após vida jovem cheia de aventuras nos Estados Unidos, tendo casado com uma moça também de descendência sueca, Nelson sentiu vocação missionária e veio para o Brasil, mesmo sem envio oficial da igreja norte-americana, acabando por tornar-se o grande “Apóstolo da Amazônia”, região onde passou grande parte do seu ministério missionário. Foi o fundador, entre outras, da 1ª Igreja Batista de Belém e da de Manaus, ainda no século XIX. 
O outro nome citado pelo historiador do centenário foi o de Salomão Luiz Ginsburg, o “Judeu Errante”. Nascido em uma família israelita que morava na Polônia, viveu em vários lugares, até chegar à Inglaterra. Sua curiosidade foi despertada para o entendimento de Isaías 53, capítulo no qual o profeta fala da vinda do “servo sofredor”, profecia messiânica que se inicia com as seguintes palavras:

“Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor? Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.” (Isaías 53:1-3).

A pregação de um pastor que discorreu sobre o texto foi seu primeiro contato com o evangelho, ao qual se converteu posteriormente, fato que lhe rendeu humilhações e perseguições por parte da família e de outros judeus residentes em Londres. Após apoio recebido por irmãos cristãos de várias denominações, acabou por vir ao Brasil já consagrado como ministro do evangelho na Inglaterra, numa cerimônia da qual participaram pastores de várias igrejas, inclusive o batista Hudson Taylor. O convite para vir para o nosso país partiu de Sara, esposa de Robert Kalley, os organizadores da primeira congregação evangélica em território nacional, a Igreja Congregacional, conforme já mencionado anteriormente. Seu envolvimento com os batistas tornando-se um deles está ligado à nossa história e vai ser abordado com mais detalhes no fascículo dedicado ao “Cantor Cristão”.
Após a biografia nos nossos seis bravos pioneiros, Reis Pereira aponta dez aspectos relevantes da influência do seu trabalho no nosso início batista:

ü  Amor à evangelização
ü  Piedade pessoal de cada um
ü  Amor pela Bíblia
ü  Valor dado por eles para a imprensa na divulgação das ideias
ü  Importância da música
ü  Preocupação com o preparo de obreiros nacionais
ü  Preocupação com a educação secular
ü  Investimento na correção de vida dos novos convertidos
ü  Disciplina “eclesiástica”
ü  Firmeza na ortodoxia e na doutrina dos pioneiros.

Conforme palavras do historiador, “foram, realmente, heróis da fé que deixaram para os batistas brasileiros precioso legado”.
O trabalho batista no Brasl dependeu realmente da vinda e do empenho de um grande número de missionários, principalmente na sua fase inicial, quando não contávamos ainda com instituições e obreiros nacionais vocacionados e preparados para a obra, coisa que foi acontecendo aos poucos. Registramos aqui neste fascículo apenas os nomes e a contribuição de alguns, sem condições de ampliação do assunto, dada a limitação de espaço e o objetivo concentrador de conteúdos desta obra.

Entre os missionários e pioneiros da obra batista no Brasil, destaca-se o nome de Antônio Teixeira de Albuquerque, o primeiro pastor brasileiro consagrado para a obra no nosso país. Este é o assunto do próximo segmento.

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ÍNDICE DOS FASCÍCULOS

Introdução 1)    16 séculos de Igreja Cristã 2)    Anglicanismo: a Igreja do Rei 3)    Puritanos, Separatistas, Batistas 4)    A “C...