26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL

26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL
As duas vias

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

32 - A CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA

“Irmãos, (...) esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Filipenses 3:13-14

Conforme afirma a Introdução da Declaração Doutrinária da CBB, baseados no princípio da cooperação voluntária das igrejas, “os batistas ... realizam uma obra geral de missões, em que foram pioneiros entre os evangélicos nos tempos modernos; de evangelização, de educação teológica, religiosa e secular; de ação social e de beneficência. Para a execução desses fins, organizam associações regionais e convenções estaduais e nacionais, não tendo estas, no entanto, autoridade sobre as igrejas; devendo suas resoluções ser entendidas como sugestões ou apelos.”
Assim sendo, como já havia acontecido no início batista na Inglaterra, no desdobramento da obra nos Estados Unidos e em outros países do mundo, tambémno Brasil houve uma iniciativa, no começo do século XX, para a organização daConvenção Batista Brasileira, que reunisse os esforços das igrejas já organizadas e daquelas que ainda viriam a existir. Segundo Reis Pereira, Salomão Ginsburg foi o nosso primeiro líder a pensar no assunto, tendo apresentado a ideia ainda no século XIX, em 1894, numa época prematura para a sua realização. Foi então organizada uma Convenção de igrejas da cidade do Rio de Janeiro, do Estado do Rio e de Minas. Uma década após a ideia inicial, duas outras convenções estaduais haviam sido estabelecidas, uma em São Paulo e outra em Pernambuco, além de já existir em circulação "O Jornal Batista. Arthur Beriah Deter, um novo missionário norte-americano recém-chegado, retomou então a iniciativa de Ginsburg, reinicindo a discussão do assunto. Deter e Entzminger foram figuras de destaque com relação ao assunto e debateram-no várias vezes. Envolvendo-se ainda participação de Zacarias Taylor e Salomão Ginsburg, na Bahia e de Bagby, na época em São Paulo, decidiu-se finalmente que a Convenção deveria ser organizada em 1907, por ocasião dos primeiros vinte e cinco anos do início do trabalho batista no Brasil, sendo o lugar escolhido a Bahia, onde fora fundada primeira a igreja. Diz Reis Pereira: 
"’O Jornal Batista’ se encarregou da promoção, mostrando, assim, sua importância como transmissor de idéias ao público batista. Eurico Nelson, o mais afastado, comunicou que viria lá de Manaus, para estar presente ao grande acontecimento.” 
Quarenta e cinco mensageiros enviados por igrejas e organiza­ções reuniram-se numa segunda-feira, 22 de junho de 1907, no antigo prédio do Aljube, para a abertura solene da primeira Assembleia da Convenção Batista Brasileira. Com o salão completamente lotado de visitantes e a presença inclusive de autoridades, Bagby demonstrando deu início à reunião, como presidente provisório. Anos mais tarde, a emoção sentida no momento, ele afirmaria: "Na primeira noite da reunião, quando vi que tudo estava literalmente cheio, a grande sala, as portas e janelas, o pátio ao redor do prédio, reconheci a grande diferença entre aqueles dias e o princípio do nosso trabalho naquela cidade. Eu dizia ao meu companheiro: 'Taylor, vê como tudo está cheio, como o povo vem ver o nosso trabalho. Oh! Taylor, que maravilha!'"
Livro de Ouro da CBB registra uma mensagem escrita por May S. Deter, esposa de A. B. Deter, na qual ela se refere ao Aljube, edifício onde a Convenção foi organizada:

“Este edifício tinha sido mercado onde se vendiam escravos nos tempos passados. No pátio havia uma árvore onde antigamente amarravem-se os escravos desobedientes para ali os surrar até que o sangue corresse no chão. Agora, debaixo daquela árvore, havia o batistério da igreja, e os que haviam sido escravos do pecado, agora libertos pelo sangue de Jesus, eram sepultados naquelas águas para levantar e andar em novidade de vida.”

A primeira diretoria eleita na ocasião era a seguinte: Presidente, Francisco Fulgêncio Soren; 1º Vice-presidente, Joaquim Fernandes Lessa; 2º Vice-presidente, João Borges da Rocha; 1º Secretário, Teodoro Rodrigues Teixeira; 2º Secretário, Manuel I. Sampaio; Tesoureiro, Zacarias C. Taylor. O trabalho missionário no exterior era uma das prioridades da Convenção, sendo mencionados Portugal, Chile e a África como possíveis alvos iniciais dos batistas brasileiros. Criaram-se então as Juntas de Missões Nacionais e a de Missões Estrangeiras. Eram batistas apenas 4.200 pessoas, distribuídas por 83 igrejas. Outras Juntas criadas foram a da Casa Publicadora, a de Escolas Dominicais, a de União da Mocidade Batista, além de outra para as áreas de Educação e Seminário.
Outras assembleias convencionais se seguiram, sendo que, na Convenção de 1908, por exemplo, as senhoras fundaram a União Missionária de Senhoras Batistas do Brasil, tendo sido eleita Graça Entzminger como sua primeira presidente. Foge ao âmbito sintetizador desta coleção a possibilidade de acompanhar mais de cem anos de existência da CBB. Lutas, dificuldades, mas também vitórias e motivos de júbilo aconteceram neste período, parte disso caracterizada pelas “aflições” que Cristo disse que seus seguidores teriam neste mundo.

“Buscamos ser uma igreja que irradia apaixonadamente a glória de Deus, praticando o seu amor e proclamando a alegria da vida eterna em Jesus Cristo a todos os povos, fazendo com fidelidade bíblica e relevância cultural, no poder do Espírito Santo.”

Esta é a mensagem publicada semanalmente nos boletins da Igreja Batista Central de Campinas, uma das milhares de igrejas afiliadas à CCB. O século XXI chegou, com seus novos desafios a exigir da igreja, como um corpo, e de seus membros individualmente, uma atuação cristã que siga os preceitos bíblicos e seja relevante culturalmente para os tempos em que vivemos. Que este seja o lema a nortear as igrejas batistas e sua convenção neste “mundo de águas turbulentas” no qual precisamos atuar!
Entre as inúmeras lembranças relacionadas à organização da Convenção Batista Brasileira, a entrega à denominação do Cantor Cristão foi uma das mais marcantes, razão pela qual o assunto será desenvolvido no próximo fascículo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ÍNDICE DOS FASCÍCULOS

Introdução 1)    16 séculos de Igreja Cristã 2)    Anglicanismo: a Igreja do Rei 3)    Puritanos, Separatistas, Batistas 4)    A “C...