“Irmãos, (...) esquecendo-me das coisas que
atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo,
pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Filipenses 3:13-14
Conforme afirma a Introdução da Declaração Doutrinária da
CBB, baseados
no princípio da cooperação voluntária das igrejas, “os batistas ...
realizam uma obra geral de missões, em que foram pioneiros entre os evangélicos
nos tempos modernos; de evangelização, de educação teológica, religiosa e
secular; de ação social e de beneficência. Para a execução desses fins,
organizam associações regionais e convenções estaduais e nacionais, não tendo
estas, no entanto, autoridade sobre as igrejas; devendo suas resoluções ser
entendidas como sugestões ou apelos.”
Assim sendo,
como já havia acontecido no início batista na Inglaterra, no desdobramento da
obra nos Estados Unidos e em outros países do mundo, tambémno Brasil houve
uma iniciativa, no começo do século XX, para a organização daConvenção
Batista Brasileira, que reunisse os esforços das igrejas já organizadas e
daquelas que ainda viriam a existir. Segundo Reis Pereira, Salomão Ginsburg foi
o nosso primeiro líder a pensar no assunto, tendo apresentado a ideia ainda no
século XIX, em 1894, numa época prematura para a sua realização. Foi então
organizada uma Convenção de igrejas da cidade do Rio de Janeiro, do Estado do
Rio e de Minas. Uma década após a ideia inicial, duas outras convenções
estaduais haviam sido estabelecidas, uma em São Paulo e outra em Pernambuco,
além de já existir em circulação "O Jornal Batista. Arthur Beriah Deter,
um novo missionário norte-americano recém-chegado, retomou então a iniciativa
de Ginsburg, reinicindo a discussão do assunto. Deter e Entzminger foram
figuras de destaque com relação ao assunto e debateram-no várias vezes.
Envolvendo-se ainda participação de Zacarias Taylor e Salomão Ginsburg, na
Bahia e de Bagby, na época em São Paulo, decidiu-se finalmente que a Convenção
deveria ser organizada em 1907, por ocasião dos primeiros vinte e cinco anos do
início do trabalho batista no Brasil, sendo o lugar escolhido a Bahia, onde
fora fundada primeira a igreja. Diz Reis Pereira:
"’O
Jornal Batista’ se encarregou da promoção, mostrando, assim, sua importância
como transmissor de idéias ao público batista. Eurico Nelson, o mais afastado,
comunicou que viria lá de Manaus, para estar presente ao grande acontecimento.”
Quarenta e
cinco mensageiros enviados por igrejas e organizações reuniram-se numa
segunda-feira, 22 de junho de 1907, no antigo prédio do Aljube, para a abertura
solene da primeira Assembleia da Convenção Batista Brasileira. Com o salão
completamente lotado de visitantes e a presença inclusive de autoridades, Bagby
demonstrando deu início à reunião, como presidente provisório. Anos mais tarde,
a emoção sentida no momento, ele afirmaria: "Na primeira noite da
reunião, quando vi que tudo estava literalmente cheio, a grande sala, as portas
e janelas, o pátio ao redor do prédio, reconheci a grande diferença entre
aqueles dias e o princípio do nosso trabalho naquela cidade. Eu dizia ao meu
companheiro: 'Taylor, vê como tudo está cheio, como o povo vem ver o nosso
trabalho. Oh! Taylor, que maravilha!'"
O Livro
de Ouro da CBB registra uma mensagem escrita por May S. Deter, esposa
de A. B. Deter, na qual ela se refere ao Aljube, edifício onde a Convenção foi
organizada:
“Este
edifício tinha sido mercado onde se vendiam escravos nos tempos passados. No
pátio havia uma árvore onde antigamente amarravem-se os escravos desobedientes
para ali os surrar até que o sangue corresse no chão. Agora, debaixo daquela
árvore, havia o batistério da igreja, e os que haviam sido escravos do pecado,
agora libertos pelo sangue de Jesus, eram sepultados naquelas águas para
levantar e andar em novidade de vida.”
A primeira
diretoria eleita na ocasião era a seguinte: Presidente, Francisco Fulgêncio
Soren; 1º Vice-presidente, Joaquim Fernandes Lessa; 2º Vice-presidente,
João Borges da Rocha; 1º Secretário, Teodoro Rodrigues Teixeira; 2º Secretário,
Manuel I. Sampaio; Tesoureiro, Zacarias C. Taylor. O trabalho missionário no
exterior era uma das prioridades da Convenção, sendo mencionados Portugal,
Chile e a África como possíveis alvos iniciais dos batistas brasileiros.
Criaram-se então as Juntas de Missões Nacionais e a de Missões Estrangeiras.
Eram batistas apenas 4.200 pessoas, distribuídas por 83 igrejas. Outras Juntas
criadas foram a da Casa Publicadora, a de Escolas Dominicais, a de União da
Mocidade Batista, além de outra para as áreas de Educação e Seminário.
Outras
assembleias convencionais se seguiram, sendo que, na Convenção de 1908, por
exemplo, as senhoras fundaram a União Missionária de Senhoras Batistas do
Brasil, tendo sido eleita Graça Entzminger como sua primeira presidente. Foge
ao âmbito sintetizador desta coleção a possibilidade de acompanhar mais de cem
anos de existência da CBB. Lutas, dificuldades, mas também vitórias e motivos
de júbilo aconteceram neste período, parte disso caracterizada pelas “aflições”
que Cristo disse que seus seguidores teriam neste mundo.
“Buscamos
ser uma igreja que irradia apaixonadamente a glória de Deus, praticando o seu
amor e proclamando a alegria da vida eterna em Jesus Cristo a todos os povos,
fazendo com fidelidade bíblica e relevância cultural, no poder do Espírito
Santo.”
Esta é a
mensagem publicada semanalmente nos boletins da Igreja Batista Central de
Campinas, uma das milhares de igrejas afiliadas à CCB. O século XXI chegou, com
seus novos desafios a exigir da igreja, como um corpo, e de seus membros
individualmente, uma atuação cristã que siga os preceitos bíblicos e seja
relevante culturalmente para os tempos em que vivemos. Que este seja o lema a
nortear as igrejas batistas e sua convenção neste “mundo de águas turbulentas”
no qual precisamos atuar!
Entre as
inúmeras lembranças relacionadas à organização da Convenção Batista Brasileira,
a entrega à denominação do Cantor Cristão foi uma das mais marcantes, razão
pela qual o assunto será desenvolvido no próximo fascículo.
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