26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL

26 e 27 - BATISTAS NO BRASIL
As duas vias

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

42 - OS BATISTAS BRASILEIROS, 130 ANOS DEPOIS

“...para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos. Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus.” (Filipenses 3:11-12)

Luther Rice, Bowen e esposa, Richard Ratcliff e os demais integrantes de seu grupo em Santa Bárbara, bem como os casais Bagby e Taylor foram os norte-americanos cujos nomes estão nos primórdios da igreja batista no Brasil, cada um em sua época e com sua atuação específica. Organizadas as três primeiras congregações nos estados de São Paulo e Bahia, rapidamente a pregação do evangelho pelos batistas foi conquistando espaço no Brasil, resultando no surgimento de igrejas em capitais, no litoral e no interior do país, atingindo cidades grandes e pequenas, despertando vocações ministeriais em todos os lugares e levando muitos à salvação em Cristo Jesus.

            Somos um povo que vem de longe, com muitos nomes, de muitas perseguições, de muitas lutas, mas construindo uma bela história de fé, de doutrina e de princípios. (...) Somos o povo da Bíblia, a Palavra Infalível e Eterna de Deus. Cremos em Deus Pai, santo, justo, criador, e sustentador de todas as coisas. Cremos no Deus Filho Jesus Cristo, Salvador e Senhor de nossas vidas e almas e no Deus Espírito Santo, o Consolador que nos guia em tudo quanto Jesus ensinou.

   Esta é a forma de apresentação do povo batista, que se pode encontrar no Portal da Convenção Batista Brasileira (CBB) na internet. A CBB é o órgão máximo da denominação batista no Brasil, sendo a maior convenção batista da América Latina, ao representar cerca de 7.000 igrejas, 4.000 missões e 1.350.000 fiéis no ano de 2012. Caracterizam a Convenção, bem como as igrejas batistas por elas representadas, os princípios de liberdade religiosa, governo democrático, estrutura congregacional, ação cooperativa, visão missionária, fidelidade bíblica, padrão doutrinário e responsabilidade social. Dentro dessa perspectiva de responsabilidade social, declara o portal a respeito do futuro o seguinte: 
“Entendendo que a riqueza e a felicidade das nações dependem de uma sólida base espiritual bíblico-cristã, a CBB empenha-se em plantar na sociedade as sementes da verdadeira educação para a paz. Face aos graves problemas contra os quais a humanidade se debate, os batistas brasileiros postulam que as respostas transformadoras só podem ser alcançadas por meio do Evangelho de Jesus Cristo.”
            Graves problemas tem atingido a humanidade, refletindo-se na realidade do nosso país. Entre eles, está a liberdade de expressão e orientação sexual do povo, fato que gerou um “Manifesto à Nação Brasileira”, datado de maio de 2007, publicado e assinado pelos pastores Oliveira de Araújo e Sócrates Oliveira de Souza, respectivamente Presidente e Diretor Executivo da Convenção Batista Brasileira na ocasião. O documento assim se inicia:

             “Preocupa ao povo batista a aprovação de uma lei que privilegia uma minoria, em detrimento do direito de todos. Reconhecemos o direito dos homossexuais a um tratamento digno e igualitário, ao mesmo tempo em que defendemos a liberdade fundamental de formar e exprimir juízos, favoráveis ou desfavoráveis, nas questões de orientação sexual.”

Na sua sequência, o documento reconhece aos seres humanos direito, outorgado por Deus, de serem reconhecidos e aceitos como indivíduos, sem distinção de raça, cor, credo ou cultura; reconhece ainda direito à liberdade de consciência e de expressão religiosa para todas as pessoas, sendo cada uma delas preciosa, insubstituível e moralmente responsável perante Deus e o próximo. Declara ainda que“Deus criou o ser humano, macho e fêmea, com direitos iguais e diferenças sexuais”.
Diante de tudo isso, o Manifesto conclama a classe política a defender o respeito à pessoa e a garantia dos direitos individuais, convida todos os cristãos “a proclamar e ensinar toda a verdade, conforme revelada nas Sagradas Escrituras, inclusive as orientações nelas contidas sobre a natureza da sexualidade humana”;todos os cidadãos são instados “a cultivar uma convivência pacífica e respeito ao próximo, mantendo a respeitabilidade e o pudor nas que privilegia uma minoria, em relações sociais.” Finalmente, os cidadãos em geral são levados a considerar uma união de esforços “para salvar o Brasil da degradação moral e da perseguição religiosa, bem como deixarmos um legado de justiça, paz e prosperidade para as futuras gerações.”
Jesus não pediu ao Pai para que tirasse seus discípulos do mundo, mas que os livrasse do mal. Considerando-se sua presença no seio da humanidade, os seguidores de Cristo foram conclamados a ser “sal da terra” e “luz do mundo”. Isto nunca foi fácil, mas parece tornar-se cada vez mais difícil, diante de tantas mudanças que a evolução da humanidade tem provocado. Levando-se em conta que, com relação às suas raízes doutrinárias, “os Batistas saem diretamente das páginas do Novo Testamento, dos lábios e ensinos de Jesus e dos apóstolos, e tem sua trajetória marcada pela oposição a toda corrupção da doutrina cristã claramente exposta no Novo Testamento” é oportuno, ao findarmos nosso mergulho histórico na vida batista voltada para o Brasil, que consideremos aquilo que os batistas tem feito na propagação do evangelho de Cristo e no resgate de vidas que, mergulhadas no pecado e sob o domínio do maligno, tem seguido as doutrinas neotestamentárias e apostólicas pelas quais muitos dos nossos irmãos sofreram e mesmo morreram no passado, para que pudéssemos conhecê-las e segui-las no presente. Nosso legado de justiça, paz e prosperidade para as futuras gerações certamente dependerá da nossa fidelidade presente aos aspectos absolutos imutáveis da mensagem bíblica, mesmo lidando em uma realidade humana cuja relatividade leva a mudanças constantes, inusitadas e, muitas vezes, inaceitáveis diante dos padrões divinos de comportamento.
          Iniciamos nossa viagem histórica pelo livro de Atos, acompanhamos os desvios que criaram outro evangelho durante os quinze primeiros séculos, passamos pela Reforma Luterana, que gerou o Anglicanismo, de dentro do qual os puritanos separatistas ocasionaram o nosso surgimento como congregação e denominação. Da velha Inglaterra à Nova Inglaterra, vivenciamos a expansão batista que permitiu que a mensagem chegasse ao Brasil. Estamos agora prontos para entender o que a denominação batista representa no mundo todo, começando pela criação da Aliança Batista Mundial, assunto que será abordado no próximo segmento.     

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ÍNDICE DOS FASCÍCULOS

Introdução 1)    16 séculos de Igreja Cristã 2)    Anglicanismo: a Igreja do Rei 3)    Puritanos, Separatistas, Batistas 4)    A “C...