“...para ver
se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos. Não que já a
tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o
que fui também preso por Cristo Jesus.” (Filipenses 3:11-12)
Luther Rice,
Bowen e esposa, Richard Ratcliff e os demais integrantes de seu grupo em Santa
Bárbara, bem como os casais Bagby e Taylor foram os norte-americanos cujos
nomes estão nos primórdios da igreja batista no Brasil, cada um em sua época e
com sua atuação específica. Organizadas as três primeiras congregações nos
estados de São Paulo e Bahia, rapidamente a pregação do evangelho pelos
batistas foi conquistando espaço no Brasil, resultando no surgimento de igrejas
em capitais, no litoral e no interior do país, atingindo cidades grandes e
pequenas, despertando vocações ministeriais em todos os lugares e levando
muitos à salvação em Cristo Jesus.
Somos
um povo que vem de longe, com muitos nomes, de muitas perseguições, de muitas
lutas, mas construindo uma bela história de fé, de doutrina e de princípios.
(...) Somos o povo da Bíblia, a Palavra Infalível e Eterna de Deus. Cremos em
Deus Pai, santo, justo, criador, e sustentador de todas as coisas. Cremos no
Deus Filho Jesus Cristo, Salvador e Senhor de nossas vidas e almas e no Deus
Espírito Santo, o Consolador que nos guia em tudo quanto Jesus ensinou.
Esta é a forma
de apresentação do povo batista, que se pode encontrar no Portal da Convenção
Batista Brasileira (CBB) na internet. A CBB é o órgão máximo da
denominação batista no Brasil, sendo a maior convenção batista da América
Latina, ao representar cerca de 7.000 igrejas, 4.000 missões e 1.350.000 fiéis
no ano de 2012. Caracterizam a Convenção, bem como as igrejas batistas por elas
representadas, os princípios de liberdade religiosa, governo democrático,
estrutura congregacional, ação cooperativa, visão missionária, fidelidade
bíblica, padrão doutrinário e responsabilidade social. Dentro dessa perspectiva
de responsabilidade social, declara o portal a respeito do futuro o
seguinte:
“Entendendo
que a riqueza e a felicidade das nações dependem de uma sólida base espiritual
bíblico-cristã, a CBB empenha-se em plantar na sociedade as sementes da
verdadeira educação para a paz. Face aos graves problemas contra os quais a
humanidade se debate, os batistas brasileiros postulam que as respostas
transformadoras só podem ser alcançadas por meio do Evangelho de Jesus Cristo.”
Graves problemas tem atingido a humanidade, refletindo-se na realidade do nosso
país. Entre eles, está a liberdade de expressão e orientação sexual do
povo, fato que gerou um “Manifesto à Nação Brasileira”, datado de maio de
2007, publicado e assinado pelos pastores Oliveira de Araújo e Sócrates
Oliveira de Souza, respectivamente Presidente e Diretor Executivo da Convenção
Batista Brasileira na ocasião. O documento assim se inicia:
“Preocupa ao povo batista a aprovação de uma lei que privilegia uma
minoria, em detrimento do direito de todos. Reconhecemos o direito dos
homossexuais a um tratamento digno e igualitário, ao mesmo tempo em que
defendemos a liberdade fundamental de formar e exprimir juízos, favoráveis ou
desfavoráveis, nas questões de orientação sexual.”
Na sua
sequência, o documento reconhece aos seres humanos direito, outorgado por Deus,
de serem reconhecidos e aceitos como indivíduos, sem distinção de raça, cor,
credo ou cultura; reconhece ainda direito à liberdade de consciência e de
expressão religiosa para todas as pessoas, sendo cada uma delas preciosa,
insubstituível e moralmente responsável perante Deus e o próximo. Declara ainda
que“Deus criou o ser humano, macho e fêmea, com direitos iguais e diferenças
sexuais”.
Diante de tudo
isso, o Manifesto conclama a classe política a defender
o respeito à pessoa e a garantia dos direitos individuais, convida todos
os cristãos “a proclamar e ensinar toda a verdade, conforme
revelada nas Sagradas Escrituras, inclusive as orientações nelas contidas sobre
a natureza da sexualidade humana”;todos os cidadãos são
instados “a cultivar uma convivência pacífica e respeito ao próximo,
mantendo a respeitabilidade e o pudor nas que privilegia uma minoria, em
relações sociais.” Finalmente, os cidadãos em
geral são levados a considerar uma união de esforços “para
salvar o Brasil da degradação moral e da perseguição religiosa, bem como
deixarmos um legado de justiça, paz e prosperidade para as futuras gerações.”
Jesus não pediu
ao Pai para que tirasse seus discípulos do mundo, mas que os livrasse do mal.
Considerando-se sua presença no seio da humanidade, os seguidores de Cristo
foram conclamados a ser “sal da terra” e “luz do mundo”. Isto
nunca foi fácil, mas parece tornar-se cada vez mais difícil, diante de tantas
mudanças que a evolução da humanidade tem provocado. Levando-se em conta que,
com relação às suas raízes doutrinárias, “os Batistas saem
diretamente das páginas do Novo Testamento, dos lábios e ensinos de Jesus e dos
apóstolos, e tem sua trajetória marcada pela oposição a toda corrupção da
doutrina cristã claramente exposta no Novo Testamento” é oportuno, ao
findarmos nosso mergulho histórico na vida batista voltada para o Brasil, que
consideremos aquilo que os batistas tem feito na propagação do evangelho de
Cristo e no resgate de vidas que, mergulhadas no pecado e sob o domínio do maligno,
tem seguido as doutrinas neotestamentárias e apostólicas pelas quais muitos dos
nossos irmãos sofreram e mesmo morreram no passado, para que pudéssemos
conhecê-las e segui-las no presente. Nosso legado de justiça, paz e
prosperidade para as futuras gerações certamente dependerá da nossa
fidelidade presente aos aspectos absolutos imutáveis da mensagem bíblica, mesmo
lidando em uma realidade humana cuja relatividade leva a mudanças constantes,
inusitadas e, muitas vezes, inaceitáveis diante dos padrões divinos de
comportamento.
Iniciamos
nossa viagem histórica pelo livro de Atos, acompanhamos os desvios que criaram
outro evangelho durante os quinze primeiros séculos, passamos pela Reforma
Luterana, que gerou o Anglicanismo, de dentro do qual os puritanos separatistas
ocasionaram o nosso surgimento como congregação e denominação. Da velha
Inglaterra à Nova Inglaterra, vivenciamos a expansão batista que permitiu que a
mensagem chegasse ao Brasil. Estamos agora prontos para entender o que a
denominação batista representa no mundo todo, começando pela criação da Aliança
Batista Mundial, assunto que será abordado no próximo
segmento.
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